A estranha sarilhada dos votos

Enfim, ao que parece ou quer fazer-se parecer, não há responsáveis pelos actos. Aconteceram por obra e graça do Espírito Santo e serviram para evidenciar as fragilidades de todo um processo, porque ligeira e levianamente encarado por quem deveria ter a responsabilidade por que tudo corresse imaculada e transparentemente.

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  • 11:21 | Sexta-feira, 18 de Fevereiro de 2022
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Naturalmente por incompetência minha não consigo entender todos os contornos da recente e lesiva polémica sucedida com os votos dos emigrantes.

Não descortino os meandros da confusão. Não chego a perceber quem são os responsáveis de tamanha “argolada”, se é que neste país há responsáveis pelo que quer que seja.

De certo temos que foram anulados os votos de cento e cinquenta mil emigrantes. Que esta anulação, como causa, pode ter tido como efeito uma crassa falta de difusão de informação. Que o sucedido pôs em causa o direito de voto e a inultrapassável seriedade do processo. Que os consulados espalhados pelo mundo, mais do que adjuvantes do processo parece terem sido seus oponentes. Que a Comissão Nacional de Eleições, em titubeos engasgados, não clarifica o imbróglio. Que o ministério que a tutela está surdo-mudo. Que esta amostra da mais básica incompetência custou centenas de milhares de euros ao erário. Que o novo governo viu atirada para as calendas gregas a sua tomada de posse. Que o exercício de gestão corrente em que foi posto traz custos e consequências incalculáveis ao normal funcionamento do país.

Enfim, ao que parece ou quer fazer-se parecer, não há responsáveis pelos actos. Aconteceram por obra e graça do Espírito Santo e serviram para evidenciar as fragilidades de todo um processo, porque ligeira e levianamente encarado por quem deveria ter a responsabilidade por que tudo corresse imaculada e transparentemente.


Mais, desacreditaram irreversivelmente o acto eleitoral, desmotivando mundo afora, os milhares de cidadãos que tanto se esforçaram para exercer o direito e o dever de cidadania.

Perante os factos, o TC mandou repetir as eleições legislativas no círculo eleitoral da Europa, depois de 157 mil votos terem sido anulados. Entretanto, o PSD chamou ao Parlamento a ministra Francisca Van Dunem, de saída da pasta da Justiça, para dar explicações. Será que consegue explicar o desaire?

 

(Foto DR)

 

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