Vergílio Correia homenageado pelo padre Nogueira Gonçalves

Depuseram-se flores e respeitaram-se os minutos de silêncio. «Eis tudo», disse Belisário Pimenta. «Foi simples e simpática a homenagem. E o que mais me feriu a atenção», concluiu, «foi a ideia partir do Padre embora o Vergílio Correia fosse livre-pensador e ter sido enterrado civilmente, por determinação expressa. Fiquei gostando mais do Padre.»

  • 14:05 | Quarta-feira, 30 de Dezembro de 2020
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No dia 3 de Junho de 1945, em Coimbra, um ano após a morte do historiador de arte Vergílio Correia, realizou-se «uma modestíssima homenagem» junto à sua campa, no cemitério da Conchada, organizada pelo padre António Nogueira Gonçalves, também estudioso erudito e probo das coisas artísticas.

Havia pouca gente. Excluindo o pessoal do Museu Machado de Castro, que Vergílio Correia dirigira, estavam apenas três pessoas, uma das quais Belisário Pimenta, que tomou nota disto no diário. Considerou a alocução «menos mal traçada», o que é um verdadeiro elogio, sabendo que vem de um anticlerical obstinado e se dirige a um padre.

Depuseram-se flores e respeitaram-se os minutos de silêncio. «Eis tudo», disse Belisário Pimenta. «Foi simples e simpática a homenagem. E o que mais me feriu a atenção», concluiu, «foi a ideia partir do Padre embora o Vergílio Correia fosse livre-pensador e ter sido enterrado civilmente, por determinação expressa. Fiquei gostando mais do Padre.»


Eu também, coronel. Conheci o Padre Nogueira Gonçalves em 1983, quando cheguei à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, e ele, um homem tão velho como o século XX, ainda comparecia às iniciativas do Instituto de História da Arte, por onde passava os meus dias de estudante. Não há nada de mais reconfortante do que o respeito transmitido por algumas pessoas.

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Publicado em Cultura