Que o Altíssimo o abençoe, Sr. Ventura, e que as incubas importunações não lhe faleçam

Felizmente para Portugal, para as mulheres deste país e do islão, para os seguidistas do PSD, CDS, IL, que o luso quinhão tem um Ventura justiceiro, um político preocupado com as ignóbeis tiranias, com as vis injustiças, com o sufocamento e a dificuldade respiratória daquelas que são vítimas de abusos velados, dominações inenarráveis e coerções pérfidas.

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  • 12:09 | Domingo, 19 de Outubro de 2025
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Em momento algum na minha vida ocultei o rosto, no sentido do anonimato e para, por ele coberto, me tornar um javardo desses que por aí pululam nas redes sociais, com perfis falsos, a insultar cobardemente toda a gente ou, uns trolls que mais não são do que poltrões com desígnios vis de lançar a confusão, destilar ódio, ofender e provocar, geralmente a rogo de alguém, mais cobarde ainda, no facebook, instagram, quejandos e similares.

Ganapito, usei máscaras no Entrudo. Era uma espécie “d´enfant chéri” de um grupo animado de mulheres onde incluo mãe, tias, avó, amigas da mãe, das tias, da avó… que se entretinham a colocar-me cocos e cartolas d’antanho na cabecita, a pintar façanhudos bigodes e a cobrir-me os olhos com venezianas máscaras. Como aquele gaio grupo se divertia a abonecar-me!

Ah, também me mascarei no período da Covid19, eu e mais 10 milhões de portugueses… mas isso não conta, pois não éramos excepções, mas sim a regra.


Ventura, “o predador narcísico movido por um demónio vingativo”, no dizer do seu colega e deputado Mithá Ribeiro, terá sonos agitados, pesadelos apocalípticos, visões aterrorizadoras, devaneios desvairados e, pela alvorada, ao pequeno-almoço, olheirento, num inflamado regurgitar de fel, sobe-lhe à cabeça a ideia do dia, o pensamento do momento, a facécia da semana…

De seguida, no gabinete da AR convoca o seu entusiástico coro de apaniguados e triunfal faz a revelação matinal:

“Hoje vamos votar contra burcas, niqabs, véus, máscaras, mascarilhas, mantilhas, cortinas, cortinados, velamentos, antolhos, óculos de sol, capacetes e etc. e tal, tudo que esconda o rosto, a sua impoluta frontalidade e verdade e seja gerador de falsidade, desonestidade, mentira, perfídia, duplicidade, engano, dissimulação… Contra fingimentos, meliantes, facínoras, mulheres islâmicas oprimidas, bandidos, assaltantes, políticos… calma, esses não que somos nós… e o mais que adiante me ocorra!”

De seguida, após os bravos estentóricos da praxe e os hip, hip, hurra costumeiros, mãos ainda refervidas das palmas clamorosamente batidas, todos em fila indiana atrás do chefe, lá seguem eles para o plenário.

Aí é fácil. Ventura anuncia o seu modelar projecto de salvar as mulheres islâmicas da repressão e, conjuntamente com os seus amigos de peito mais chegados, a parca de ideias entediada rapaziada do PSD, do CDS e da IL, aprovam na generalidade “A proibição de uso de roupas destinadas a ocultar o rosto em espaços públicos” da Lusitânia.

As “roupas destinadas a ocultar ou a obstaculizar a exibição do rosto”, não são mais nem menos do que as burcas e tal iniciativa é feita em prol da “dignidade da mulher”, mesmo que tal mais não seja do que a torpe falácia de conceder “caução nobre a um real cínico”, como referia o nosso estimado Barthes. As infractoras e as prevaricadoras serão multadas com  coimas de 200 a 2.000 mil euros em caso de negligência e 400 a 4.000 euros em caso de dolo.

Jubiloso com a aprovação do pesadelo noctívago, triunfante, proclama vestido de paladino dos direitos das oprimidas: “Não aceitamos que obriguem a mulher a andar na rua como se fosse mercadoria“, para de seguida concluir “Hoje é um dia histórico para a nossa democracia e para a salvaguarda dos nossos valores, da nossa identidade e dos direitos das mulheres.”

“Aqueles mesmos que vão para Gaza e ali andam ao lado de terroristas que de manhã dizem que há um genocídio, à hora de almoço batem na mulher e à noite obrigam-na a andar pela rua como se fosse um animal ou mercadoria, não aceitamos isso”.

Felizmente para Portugal, para as mulheres deste país e do islão, para os seguidistas do PSD, CDS, IL, que o luso quinhão tem um Ventura justiceiro, um político preocupado com as ignóbeis tiranias, com as vis injustiças, com o sufocamento e a dificuldade respiratória daquelas que são vítimas de abusos velados, dominações inenarráveis e coerções pérfidas.

Que o Altíssimo o abençoe, Sr. Ventura e que as incubas importunações não lhe faleçam. Por Deus, pela Pátria, pela Família!

 

Neste longo e retorcido link acederá ao Projeto de Lei nº 47/X apresentado pelo grupo parlamentar do Chega:

https://app.parlamento.pt/webutils/docs/doc.pdf?path=egpB2HI0ZQ8FX5LtxSKZMyPvzD1BmzKev5RY6vocx%252bwzWDX9EOpCmbkeFlq1F2%252bE48XQmfDOXK2no1CvZASmzKvY0eaFPgZw1Dk3h1tC9XoWtD1v7NJSfabbHL2MGnMZj4gJ6t6yDKIHOxrpkL5uI23g26GH%252fNaFPqfpTbN1nc2a0H%252bLcnmt7D82rLLRUW%252fx1bvuwSOYRcO2NdSDBNXoFNc23exbT2f3mqKdlnWTSaSsdyowFZSYrLVJMCYAERxx67NrTuAe52Dzk5bfhgB5k5F0UmkdhODJv%252f3mLGcb3dcvVttZ5crgEyWa2hKv6i6vCv3yWacl%252bqbkwnZHwyl4sTY59R42eKvwbyQnG4xyzt8%253d&fich=11da48b2-4894-47b0-9d5e-57c532a7a94e.docx&Inline=true

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