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Inteligência quê?

Então, mas se nos dizem que a Inteligência Artificial é tão boa, e vão ser dizimados milhões de postos de trabalho, é tão boa para quem?

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    • 17:05 | Quinta-feira, 15 de Outubro de 2020
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    Sobre o radioso mundo cibernético, tecnológico e muito robotizado?

    Pois que sim.

    Que sim que vai ser maravilhoso, o mundo da Inteligência Artificial.


    Caminhamos alegremente para a destruição massiva de postos de trabalho, empurrando hordas de pessoas para a miséria com um sorriso estúpido nos lábios – é o progresso, é o amanhã radioso!! É o caminho inexorável. Até batermos numa parede de cimento chamada realidade…

     

    Foi assim com a obstinação terapêutica – pela qual se prolonga, através de meios artificiais e desproporcionais, a vida de um doente incurável.

    Foi assim com a agricultura intensiva – ziliões de químicos e práticas insanas para produzir mais e mais depressa.

    É assim com quase tudo a que chamamos “progresso”.

    Mais cidades, mais pessoas por metro quadrado, mais horas de trabalho, mais coisas produzidas em menos tempo, mais tarefas, mais dinheiro e mais dívidas, mais dinheiro e mais dívidas, mais dinheiro e mais dívidas, mais dinheiro e mais dívidas, mais dinheiro e mais dívidas, mais, mais, mais, muito, muito, muito mais!

     

    As pessoas, cada pessoa, fica pelo caminho.

    O mundo enlouqueceu. Desorganizou-se. Afastou-se da dimensão humana.

    Encerrado em labutas diárias feitas de aço e vidro, o homem esqueceu-se que o dia nasce e morre. Que não se fabricam trinados de pintassilgo, embora se possam forjar.

    Que morrer sozinho num hospital não é permutável por todos os negócios de milhões de euros feitos na vida.

    Que a solidão do trabalho é uma consequência, não uma causa da nossa loucura colectiva.

    Quando foi que perdemos o rumo?

    Quando foi que achámos que a tecnologia podia substituir a relação, o abraço, a presença, o olhar?

    Quando foi que saímos de perto do único relógio que interessa, o sol e a lua?

    Quando foi que ficámos a olhar para o espelho de cabeça entre as mãos a perguntar como chegámos aqui?

     

    Há um travão universal para a loucura, um antídoto lento, forte, minucioso e que não falha.

    Chama-se reflexão crítica, aquela coisa que não se ensina na escola, nem em muitas casas.

    Dá um trabalho inimaginável.

    Então, mas se nos dizem que a Inteligência Artificial é tão boa, e vão ser dizimados milhões de postos de trabalho, é tão boa para quem?

    Cada vez que nos tentam convencer de alguma coisa, esta pequena pergunta inocente é um bom amuleto:

    – Isto é bom para quem?

    A manutenção de doentes sem reais possibilidades de recuperação de qualidade de vida, submetendo-os a um processo doloroso de morrer, exige uma atitude reflexiva por parte da sociedade e da medicina, na busca de uma solução adequada e apoiada na Ética.

    O encarniçamento terapêutico é bom para quem?

    A Ética, essa defunta do esquecido estudo da Filosofia é a luz aprisionada na lanterna que fura a escuridão do Tempo. Está em extinção acentuada, talvez mantida como pequena chama bruxuleante em pequenas cavernas remotas, guardadas pelos últimos homens pensantes.

    Enquanto isso, o mundo prossegue atordoado, dopado, insano, violento e sem sentido.

    E isso é bom para quem?

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