DECIDA O LEITOR

        Dois projetos artísticos, de pintura e escultura, abordam as temáticas do envelhecimento e da doença de Alzheimer respetivamente. O artista nova-iorquino Jason Bard Yarmosky apresenta, numa coleção de pinturas a óleo, “Elder Kinder” e o escultor espanhol José Manuel Belmonte criou uma série de obras que intitulou “El Recreo de los […]

  • 10:22 | Segunda-feira, 30 de Outubro de 2017
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Dois projetos artísticos, de pintura e escultura, abordam as temáticas do envelhecimento e da doença de Alzheimer respetivamente. O artista nova-iorquino Jason Bard Yarmosky apresenta, numa coleção de pinturas a óleo, “Elder Kinder” e o escultor espanhol José Manuel Belmonte criou uma série de obras que intitulou “El Recreo de los Ausentes”.

Jason, ao representar as pessoas mais velhas vestidas com disfarces, procura quebrar as normas sociais que lhes estão habitualmente associadas. Coloca a arte, a pintura e o humor ao serviço do combate aos estereótipos relacionados com o envelhecimento. Pinta pessoas de idade avançada como super-heróis, índios, boxeurs…

Consciente da putativa polémica, o autor aceita a possibilidade de uma dupla interpretação dos seus trabalhos:

“As imagens desta série podem ser consideradas humilhantes, mas também poderosas. O pessimista, que se centre nas convenções sociais, vê estas obras através da lente da vergonha e da vulnerabilidade.

Contrariamente, o otimista encontra um sentido de libertação, onde a vontade de jogar e a liberdade da adolescência complementam a sabedoria da velhice.”

Na obra “El recreo de los ausentes”, o escultor de Córdova pretende passar uma mensagem forte, ou seja, que “a demência é um mal que provoca a ausência das pessoas queridas, que as leva para o recreio da sua infância, recuperando a inocência e o reviver dos seus medos, uma realidade que afeta a sociedade como um todo.”

As oito esculturas de tamanho real são uma alegoria da doença de Alzheimer, em forma de escultura poética. O artista visa consciencializar a sociedade do dever que todos temos de cuidar dos nossos familiares mais velhos, tal como fomos por eles cuidados. Aborda o medo da morte; o receio da institucionalização a perda de memória; numa das esculturas, um homem vê-se ao espelho e já não se reconhece…

Em entrevista ao El Mundo, José Belmonte considera que “Quando somos idosos, voltamos a ser crianças. Chegam-nos as recordações desta etapa, em muitos casos através da doença de Alzheimer. Só nos resta a vida contemplativa. Inclusivamente, há momentos nos quais os nossos idosos já não estão connosco, estão presentes, mas passaram para um mundo melhor em que vivem.”

Não estou minimamente de acordo com algumas das suas afirmações, por exemplo com a ideia de que as pessoas voltam a ser crianças, tal como abomino, desde logo porque é uma forma de mau trato, que se infantilizem as pessoas mais velhas ou sejam tratadas por “tu” por quem mal as conhece.

Não estando em sintonia quanto às ideias, considero que esta obras podem cumprir um papel importante, uma chamada de atenção forte e impactante para o processo de envelhecimento e para as questões relacionadas com as demências, desde logo a grande inviabilidade que as carateriza, uma “pandemia silenciosa”.

Caberá ao leitor decidir se gosta ou não dos trabalhos artísticos que descobri e decidi partilhar. Para os conhecer melhor, consulte os sites que se seguem:

§  Elder Kinder:

§  El recreo de los ausentes:

 

 

 

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Publicado em Opinião