E o curioso é que alguns até vão a deputados…

É um caso de estudo na história da nossa jovem democracia, o das famílias políticas por obra e graça de um espermatozóide. Ou seja, ainda há dias, por esse espaço argonáutico fora, deparámos com uns comentários cheios de “vitalidade” em defesa de um certo partido político e mais concretamente, em defesa de um determinado e […]

  • 14:25 | Segunda-feira, 01 de Julho de 2019
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É um caso de estudo na história da nossa jovem democracia, o das famílias políticas por obra e graça de um espermatozóide.

Ou seja, ainda há dias, por esse espaço argonáutico fora, deparámos com uns comentários cheios de “vitalidade” em defesa de um certo partido político e mais concretamente, em defesa de um determinado e polémico autarca, desse partido oriundo.

Dado o “fervor” do comentário – e porque as redes sociais no-lo permitem – fomos ver quem era a “joaninha d’arc”. Jovem, muito jovem activista, vice-presidente de uma estrutura política da juventude, ela reclamava com indignação de um post do qual discordava. E muito bem. Um direito que lhe assiste. Igualzinho ao direito da pessoa que tinha escrito esse post.


Interessante, foi no seu Facebook descobrir o pai, sindicalista afecto ao partido da “joaninha” e mais, descobrir a mãe da “joaninha”, funcionário na autarquia em questão e membro destacado da estrutura partidária onde a “joaninha” já é quase líder. Um autêntico “stude case” de “destino” e monocromatismo partidário…

Hoje esta questão política tornou-se num cromossômico caso, um pouco como no futebol, onde os bébés já nascem do FCP, SCP, ou SLB, alguns deles feitos sócios pelos entusiasmados progenitores sem nunca terem assistido a um jogo.

Na política, perguntar a um desses jovens qualquer coisa sobre democracia-cristão, social-democracia, socialismo, comunismo… é uma questão interessante, sendo mais bizarro perceber que a maioria de entre eles, numa militância extremamente activa, apenas conhecem o logotipo e a bandeira do partido. Ou seja, muitíssima “afición” mas muito mais iliteracia política.

São daquele partido porque os pais, os primos, as tias são daquele partido. Militam afincadamente nele porque sabem que o pai, a mãe, o tio, os primos e as tias têm confortáveis empregos porque o “partido trata dos seus”. Mérito é um vocábulo desconhecido na curteza do seu léxico. Oportunidade e oportunismo ou “chico-espertismo” são as matrizes que receberam no ADN e que persistem assim tiram os cueiros.

E o curioso é que grande parte desta assanhada militância chega longe. Alguns até vão a deputados…

Paulo Neto

(Imagens DR)

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Publicado em Editorial