Dupond&Dupont

  Ouvir as pataratices dos Dupont&Dupond seria cómico se não fossem tão vergonhosamente trágicas e despudoradamente cínicas. Coelho e Portas pegaram numa gigantesca borracha e numa cuba de lixívia e tentam afanosamente apagar/lavar quatro anos de descabelada e miserável governação, para proporem aos eleitores quatro anos de mirífica salvação. Ou seja… quatro anos a desfazer […]

  • 12:51 | Quinta-feira, 30 de Julho de 2015
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Ouvir as pataratices dos Dupont&Dupond seria cómico se não fossem tão vergonhosamente trágicas e despudoradamente cínicas.
Coelho e Portas pegaram numa gigantesca borracha e numa cuba de lixívia e tentam afanosamente apagar/lavar quatro anos de descabelada e miserável governação, para proporem aos eleitores quatro anos de mirífica salvação.
Ou seja… quatro anos a desfazer para nos próximos dizer fazer.
Esta rábula lastimável faz-me lembrar a resposta que me deu um ex-autarca de um concelho próximo quando o questionei sobre a obra do seu sucessor:
“Muito activo. À segunda-feira arranca calçada, à terça põe calçada. Na quarta-feira arranca outra vez a calçada para na quinta a voltar a pôr. Sexta-feira descansa. Sábado inaugura as calçadas. Domingo apaparica os padres.”
Ora aqui está, tirado do poder local, a estratégia seguida — à sua dimensão — pelo poder central.
Por isso e por muito mais, já ninguém se admira ao ver/ouvir os irrevogáveis irmãos Dupont, de braço dado, em coro e sem percebermos qual deles é o ventríloquo e qual é o boneco, atroarem pérolas deste tipo (e são inúmeras…) ecoadas por toda a CS:
 
“Passos luta por Abril e tem chave do futuro”
“Passos quer os funcionários públicos a andar de bicicleta e a trabalhar para lá dos 70…”
“Vamos manter o fim das sobretaxas, mas em 2019 faremos mais reformas do IRS e IRC”
“Passos dramatiza resultado incerto”
“Coligação quer reorganizar tribunais”
“Passos desdramatiza a privatização da SS e diz que é apenas um plafonamento moderado”
“Primeiro-ministro garante: Portugal vai já acolher 1.400 refugiados”
“Não vamos cortar nas pensões actuais, só nas futuras pensões”
Na Madeira, Passos: “A oposição já não é precisa!” e acrescenta “As dificuldades não foram trazidas por nós, foi a crise quem trouxe as dificuldades e quem trouxe a crise foram os socialistas”
“No próximo mandato vamos criar emprego”
“Nos próximos 4 anos vamos apostar no investimento”
A mais fresca é: “A Caixa preocupa-me”, que o mesmo é dizer: ainda falta privatizar esta… e acrescenta:
Preocupa-me e espero que a administração da Caixa não deixe de executar as operações que forem necessárias e que permitirão fazer o reembolso desse valor que foi investido na capitalização da Caixa e que o foi apenas na circunstância de o devolver com os juros que foram estabelecidos e que que foram estabelecidos para todos os bancos nos quais o Estado entrou“.
Estamos falados?
Etc., etc., etc., etc., etc., etc., etc., etc., etc., etc…
Pois… somos todos parvos e a dupla trauliteira é mágica, ilusionista, mas também milagreira.
Quase faz lembrar uma cena deplorável análoga a tanta violência doméstica que por aí infelizmente vai… depois de uma nocturna hard session de bofetadas, impropérios, pontapés, murros e cacetadas, o Tony para a Susy:
“Ó querida, meu amor, desculpa lá qualquer arranhãozinho, gosto tanto de ti. Amanhã vamos a Sintra fazer um pic-nic ou preferes ir a banhos à Caparica?”
Não há pachola para tanta pantomineirice!

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