Nos 140 anos do nascimento de Aquilino Ribeiro, a Câmara Municipal de Sernancelhe, em duradoira e profícua cooperação com a Bertrand Editora e a família do Escritor, reeditou, no âmbito da Feira Aquiliniana da Lapa a obra que perfaz 80 anos, “O Livro do Menino Deus” (1945).
Para o efeito, na nova estrutura de acolhimento aos peregrinos da Nª Sª da Lapa, a Casa das Novenas, repleta de interessado público (mais de duas centenas de pessoas) iniciou-se a cerimónia com um momento musical alusivo ao espaço e à obra pelo Pe. Marcos Alvim, da diocese de Lamego, intitulado “Menino Jesus da Lapa”.
De seguida, o vereador da Cultura, Armando Mateus deu as boas vindas e passou a palavra ao presidente da Junta de Freguesia da Quintela e Lapa, Luís Carlos Santos.
A meio da cerimónia, o Pe. Davim e o antigo Reitor do Santuário, cónego Amorim, a duo, executaram mais um número musical “Senhora da Lapa”.
Actuou com o mérito de sempre uma secção de sopro do Conservatório Regional de Música de Ferreirim, regido pelo seu sapiente maestro, David Rodrigues.
Seguiu-se uma convivial merenda, no espaço exterior do edifício, servida pelos alunos da ESPROSER, Escola Profissional de Sernancelhe, de cuja qualidade há muito somos conhecedores.
Estiveram presentes os dois anteriores presidentes do município, José Mário Cardoso e Carlos Silva Santiago, actual deputado na Assembleia da República, o percursor e o continuador deste tributo pago a Aquilino Ribeiro por Sernancelhe, que tem a garantia de prosseguimento na persistência do actual presidente, Carlos Santos.
Esta reedição torna-se inédita, não só pelo prefácio e pelas ilustrações, mas também por incluir, na íntegra o conto “Sonho de Uma Noite de Natal“, publicado em 1956, que no dizer do editor “representa, além de uma expansão literal do texto, também uma inovação literária que o dota de um significado renovado…”
No frontispício da obra, Aquilino escreveu esta dedicatória: “À memória de minha Mãe, humilde, boa e religiosa sem ser pelo interesse de ganhar o Céu”.
Do prefácio do Bispo Auxiliar do Porto, D. Joaquim Proença Dionísio, transcrevemos: “No rescaldo de uma guerra que matou milhões e evidenciou a crueldade humana, Aquilino Ribeiro ofereceu ao mundo O Livro do Menino Deus. E se é verdade, como afirmou o autor aquando da primeira edição, que ‘todos os temas são dignos de interesse’, talvez o seu aparecimento, no outono de 1945, não seja alheio ao conflito que ceifou milhões de vidas, interrompeu sonhos e destruiu esperanças. E tudo começou nesta Europa que se dizia cristã, isto é que se identificava com a mensagem de amor que o Menino-Deus trouxe ao mundo.”
Nota final: estes sucessivos eventos levados a cabo pela CMS, ao aparecerem concretizados e sempre com êxito, quase fazem esquecer a existência da profícua equipa onde, porfiados como laboriosas formiguinhas, um punhado de invisíveis e incansáveis colaboradores, tudo torna possível…
(Fotos de César Bernardo)