“NPC”, “#TBT” e “cringe” foram os termos de internet mais pesquisados pelos portugueses em 2023

Nos últimos anos, tem sido esta a maneira como os jovens portugueses preferem designar produtos ou serviços 'de última geração', que se destacam pelo custo-benefício ou por estarem acima da média. Um computador recentemente lançado ou certo modelo de carro na moda, na linguagem dos antenados, certamente estariam na lista dos itens 'mais XPTO que alguém poderia ter'.

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  • 11:38 | Sábado, 02 de Dezembro de 2023
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Se tem o hábito de navegar diariamente pela internet, é provável que já tenha reparado como, a cada novo mês, novos termos e gírias ganham destaque no ambiente digital — e como, na maioria das vezes, acabamos sempre a precisar da ajuda do Google para os compreender da melhor forma.

Do crush ao cringe, ao longo de 2023, muitos destes termos tornaram-se virais… e os portugueses, como é costume, não perderam tempo, recorrendo aos motores de busca à procura dos seus significados. Mas, afinal, quais palavras “da moda” motivaram o maior número de buscas online desde janeiro em Portugal?

Quem traz a resposta é a Preply, que se debruçou sobre o tema recentemente e revela, abaixo, o ranking das siglas, abreviações e demais expressões que mais aguçaram a curiosidade de nossos internautas durante o ano. E a plataforma de idiomas já adianta: mesmo em meio a uma disputa acirrada, “NPC”, termo que definiu uma das grandes tendências do TikTok nos últimos meses, foi o grande responsável pelo maior volume de buscas entre as pessoas no país.


A lista completa, no entanto, não se limita a ele, incluindo muitas outras expressões da internet que estarão ainda mais presentes nas nossas redes no próximo ano. Que tal espreitá-las e começar já a preparar-te para dominar boa parte das conversas online em 2024?

Fonte: Preply

 

NPC (Non-playable Character)

Sejamos sinceros: foi quase impossível ter acessado alguma rede social em 2023 e não ter, ao menos indiretamente, se deparado com a sigla “NPC” em algum momento — ou, de forma mais específica, entre os meses de setembro e outubro.

Isto porque, ao longo do ano, a sigla para a expressão inglesa “non-playable character” (algo como “personagem não jogável”) praticamente dominou a internet: gerou milhões de memes do Instagram ao Twitter, centenas de artigos jornalísticos e até foi analisada por especialistas de várias áreas, como antropólogos e profissionais da Comunicação… tudo por descrever uma maneira bastante peculiar de agir no TikTok.

Em termos gerais, estamos a falar de um tipo de performance específica entre certos tiktokers, onde, através de livestreams, os internautas imitam personagens de jogos para interagir com os seguidores. Nessas transmissões ao vivo, não é incomum encontrar pessoas com vozes infantis, gestos repetitivos e fantasias nada discretas, elementos que fazem lembrar o comportamento artificial presente em jogos como GTA e Resident Evil.

A grande curiosidade por trás das performances (e o que possivelmente esteve por trás de tantas pesquisas online sobre o assunto), principalmente entre aqueles que não estão familiarizados com a plataforma de vídeos, reside no facto de que imitar personagens de jogos durante as livestreams está a render boas quantias aos produtores de conteúdo, que chegam a arrecadar mais de US$ 200 nos seus vídeos. No mínimo diferente, não é?

 

TBT (Throwback Thursday) 

Um velho conhecido entre os utilizadores das redes sociais, #tbt (acrónimo para “throwback thursday”, algo como “quinta-feira de regresso”) é a hashtag utilizada em plataformas como o Instagram para identificar conteúdos que, embora tenham sido recentemente publicados pelos internautas, na verdade remetem ao passado (ou seja, foram registrados dias, semanas ou meses atrás).

Não ficou muito claro? Então imagina a seguinte situação: na semana passada, foi a uma festa com os amigos e até tirou várias fotos, mas esqueceu-se de publicar algumas delas no teu perfil online. Neste caso, deixar para partilhá-las durante as quintas-feiras, utilizando um #tbt para identificar que se trata de material antigo, pode ser uma ótima opção… e todos entenderão a sua publicação como a recordação de um bom momento.

 

Cringe 

Antes de explicarmos o significado da palavra “cringe”, é preciso saber que este é mais um daqueles casos em que uma palavrinha em inglês se espalha pelo mundo e se torna moda entre os jovens e adolescentes, estejam onde estiverem.

Usada na sua língua original para descrever o ato de retrair-se, nos últimos anos, a palavra tem sido recuperada no contexto da internet para abranger tudo o que é mais embaraçoso, antiquado ou ridículo que alguém possa ver. Neste contexto, aliás, é como se o termo adquirisse um significado semelhante ao de “vergonha alheia”, caracterizando hábitos supostamente constrangedores como usar emojis em excesso, tirar fotos sem camisa ou ser fã de estilos musicais já “ultrapassados”.

Falando em “ultrapassado”, é importante dizer que grande parte da viralização do “cringe” em 2023 esteve ligada a piadas e brincadeiras entre millennials (ou seja, nascidos nos anos 80 e 90) e pessoas da geração Z na internet, através de vídeos virais de jovens a gozarem com os hábitos dos internautas mais velhos. As discussões foram tantas que alguns chegaram a listar supostas características das pessoas “cringe”: começar uma frase com letra maiúscula, gostar da série “Friends” e usar calças skinny. É o teu caso?

 

LOL (Laughing out Loud) 

Apesar de também ser conhecido pelos jogadores como abreviatura para o jogo “League of Legends”, noutros espaços, “LOL” é apenas mais uma entre as infinitas formas criativas de dizer que se está a rir — ou melhor, como indica a própria expressão original, “a rir muito alto” (tradução literal para “laughing out loud”).

Então, a partir de agora, já sabe: se achar que os comuns “rsrs” e “hahaha” não são suficientes para demonstrar o quanto se ri com aquele meme hilariante, na próxima vez que enviar um conteúdo engraçado a um amigo, é só substituir as risadas por “LOL”… simples assim.

 

Crush 

Já se apaixonou secretamente por alguém? Se sim, então sabe o que é ter um “crush” por alguém, mesmo que os sentimentos românticos tenham ficado guardados a sete chaves.

Isso porque, embora admita outras traduções na nossa língua, estamos a falar de um termo que tem sido adotado no português para se referir ao que alguns internautas chamariam, há alguns anos, de “paquera”, “paixão”, “paixonite”, entre outras palavras que demonstram a afeição de quem as diz em relação ao seu interesse amoroso.

Quanto ao seu uso, lembre-se que é possível utilizá-la tanto como substantivo quanto adjetivo, como se vê nos dois exemplos a seguir: “O João é o meu crush”, onde João seria o alvo da paquera do interlocutor, assim como “eu tenho um crush no João”, desta vez com o termo assumindo função substantiva na frase. Em ambos os casos, uma coisa é certa: o João deve estar a conquistar muitos corações por aí!

 

BTW (By the Way) 

“A propósito”, “já agora” e “por falar nisso” são apenas três das expressões que poderiam ser resumidas na internet por “BTW”, sigla da frase em inglês “by the way”.

Bastante usada em conversas informais nas redes sociais, esta é a expressão que os internautas mais gostam quando o assunto é introduzir um novo tema numa conversa já iniciada, mas fazendo ligação com as mensagens anteriores trocadas no chat.

Aliás, quem tem falado ou pretende falar com falantes de inglês online certamente se deparará com frequência com o termo, que ainda poderá vir acompanhado dos também populares “asap” (“as soon as possible”, ou “o mais cedo/rápido possível”), “omg” (“oh my god”, ou “oh meu Deus”) e “xo” (“hugs and kisses”, ou “abraços e beijos”).

 

GOAT (Greatest of all Time) 

Nunca ouviu falar na sigla “GOAT”? Não se preocupe: isso talvez apenas signifique que não tem muito contacto com o mundo dos desportos (e não há problema nenhum!).

Dizemos isso porque, apesar de ser usada há décadas nos Estados Unidos, desde meados de 2017, a sigla que abrevia a expressão inglesa “greatest of all time” (“o melhor de todos os tempos”) parece ter-se popularizado ainda mais entre os adeptos de equipas desportivas, que a utilizam para descrever os maiores jogadores do mundo — pessoas que supostamente estariam a marcar as novas gerações de equipas e entusiastas à volta do mundo.

A popularidade da expressão tem sido tanta que, fora do âmbito desportivo, já há quem a utilize para falar dos grandes nomes noutras áreas, como música, moda e televisão. Queres um exemplo? Numa entrevista de 2021 para o programa de TV norte-americano “Today Show”, o ator Jonah Hill sugeriu que Meryl Streep fosse a “GOAT” do cinema… o que surpreendeu a atriz no início, já que claramente não conhecia o significado do elogio até então.

 

Simp 

No geral, diríamos que a gíria “simp” (abreviação de “simpleton”, ou “simplório”, “ingénuo”) resume, numa única palavra, um tipo de pessoa com a qual todos já lidaram pelo menos uma vez na vida: cínica e bajuladora em excesso, sempre com o objetivo de alcançar benefícios pessoais através da adulação do outro.

Um funcionário interesseiro ou aquele amigo “simpático demais”, seguindo este raciocínio, poderiam ser chamados de “simp” pela forma como se comportam em relação aos demais ao seu redor. Além deles, também é comum encontrar a expressão a ser utilizada para descrever homens excessivamente atenciosos e gentis com o sexo oposto, mas que não costumam receber em troca o mesmo afeto.

 

Woke 

Controversa e motivo de muitos debates culturais nos Estados Unidos, “woke” é a palavra que tem sido reivindicada por certos grupos para descrever um suposto estado de alerta para questões e causas sociais, como o feminismo, os direitos da população LGBTQIA+ e o ativismo em prol das causas ambientais.

Ser uma pessoa “woke”, neste contexto, seria o mesmo que dizer que se está atento e sensível às injustiças sociais, uma espécie de aliado de movimentos políticos tidos como progressistas.

Já entre os críticos, a expressão é também usada de forma irónica para falar de quem demonstra um comportamento exagerado ou superficial em relação a estas questões, procurando mostrar-se mais consciente do que aparenta.

 

XPTO 

Da próxima vez que ouvir alguém falar de uma compra ‘XPTO’, fique a saber que estão a tentar dizer-lhe mais ou menos isto: foi uma compra de alta qualidade.

Nos últimos anos, tem sido esta a maneira como os jovens portugueses preferem designar produtos ou serviços ‘de última geração’, que se destacam pelo custo-benefício ou por estarem acima da média. Um computador recentemente lançado ou certo modelo de carro na moda, na linguagem dos antenados, certamente estariam na lista dos itens ‘mais XPTO que alguém poderia ter’.

O grande mistério em torno deste termo é que, ao contrário dos demais, tanto a palavra que originou como os seus usos iniciais não são consensuais entre os especialistas.

A hipótese menos controversa, por exemplo, é a de que a sua popularização teve início na Idade Média, quando a palavra grega “Χριστός” (‘Cristo’) foi perdendo os seus significados religiosos e começou a significar algo de excelência. Por outro lado, há quem defenda a teoria de que ‘XPTO’ derivaria do nome de uma marca de chapéus, bem como teria sido o nome de um robô infantil dos anos 80.

O mistério pode ainda não ter sido desvendado, mas, seja qual for a sua origem, uma coisa parece certa: quer as pessoas gostem ou não, ‘XPTO’ é uma gíria que veio para ficar!

 

Metodologia

Para desvendar as gírias, abreviaturas e outros jargões da internet mais procurados em 2023, a pesquisa da Preply teve como ponto de partida os termos em ascensão relacionados ao tema na ferramenta Google Ads. Este período de análise abrangeu as pesquisas feitas entre janeiro e outubro deste ano nos motores de busca (o intervalo mais recente disponível).

Depois de identificar as expressões mais relevantes, uma segunda análise centrou-se na quantidade total de pesquisas de cada palavra durante esse período — o que permitiu a criação de uma classificação com base no comportamento digital dos portugueses nos últimos meses.

Sobre a Preply 

A Preply é uma plataforma online de aprendizagem de idiomas que conecta professores a centenas de milhares de alunos em 180 países em todo o mundo. Atualmente, mais de 40.000 tutores ensinam mais de 50 idiomas, impulsionados por um algoritmo de aprendizado de máquina que recomenda os melhores professores para cada aluno. Fundada nos Estados Unidos, em 2012, por três fundadores ucranianos, Kirill Bigai, Serge Lukyanov e Dmytro Voloshyn, a Preply cresceu de uma equipe de três pessoas para uma empresa com mais de 600 funcionários de 62 nacionalidades diferentes, com escritórios em Barcelona, Nova York e Kiev.

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