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Alexandre Borges
A linguagem tem coisas engraçadas. Por vezes, entre linhas, permite-nos ver o que não era suposto.
Já repararam que, a julgar pela comunicação social que nos alimenta, só há oligarcas e cleptocratas na Rússia? Só lá é que o Estado protege uns quantos indivíduos que enriquecem monstruosamente à custa dos recursos de todos para, depois alimentarem o poder que os sustenta(ou).
Elon Musk, Jeff Bezos, Carlos Slim, etc., que acumulam fortunas impensáveis e não contribuem, via impostos, com o que deviam, nunca na vida são apelidados de oligarcas. Os donos das empresas e os cidadãos que instalam nas Irlandas e Luxemburgos deste mundo esquemas de viciação dos impostos são apenas executores de planeamento fiscal agressivo. Até o nosso “dono disto tudo”, Ricardo Salgado, só lhe foi atribuído alzheimer, mas nunca o epíteto de oligarca. Oligarcas só os cosy friends daquele tipo muito pouco recomendável, que governa a Rússia a seu bel prazer, há décadas é que são mauzões oligarcas (e são mesmo).
Porque será?
Enquanto isto assistimos ao delapidar das democracias liberais ocidentais, reféns de negócios obscuros cada vez maiores e mais evidentes, com cidadãos esmagados fiscal e financeiramente para proporcionar salvação aos gestores que destroem bancos e, cada vez maiores lucros a cada vez menos gente.
Viva o sacrossanto défice zero e hossanas a quem nos guia junto da igreja universal do “liberalismo” e dos seus santos, isentos de impostos e regras, por via de uma espécie de concordata que implicitamente está implementada.
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