Em 25 de novembro, a Polícia Judiciária efetuou 17 detenções (em 50 mandados de busca), no âmbito da operação “Safra Justa” de combate ao tráfico e humano e à escravatura laboral na agricultura, de norte a sul do país, Beja, Portalegre, Figueira da Foz e Porto.
Espera-se que não fiquem impunes os principais culpados, os donos das herdades e quintas que enriquecem com esta escravatura, não pagam salários minimamente justos, não pagam contribuições à Segurança Social nem pagam impostos. A maioria destes “empresários” são sociedades financeiras que compraram terras, principalmente no Alentejo, e criaram enormes latifúndios onde os trabalhos agrícolas são subcontratados a empresas de trabalho temporário, que eles sabem que são os novos negreiros do trabalho escravo.
Portugal precisa de muitos milhares de imigrantes, conforme têm reafirmado todas as confederações patronais, nas várias áreas da economia agricultura e pescas, comércio e turismo, restauração, construção civil e indústrias, serviços (limpezas, segurança, transportes, entregas de encomendas, cuidados – em lares de idosos e em domicílios), etc.
Os imigrantes constituem já 20% dos trabalhadores em Portugal e têm contribuído para a sustentabilidade da Segurança Social (em 2024 contribuíram com 3,6 mil milhões de euros, cinco vezes mais do que o valor que receberam); têm colmatado o défice demográfico, num país cada vez mais envelhecido; enriquecem económica e culturalmente Portugal que sempre foi um cadinho de povos e culturas de diversas origens geográficas.
O governo da direita extremada, ao afunilar até ao entupimento a regularização dos imigrantes, embarcando nas mentiras populistas da extrema-direita racista e xenófoba, facilita o trabalho clandestino, não declarado, quase escravo, prejudica a economia do país e só beneficia os grandes predadores extrativistas do nosso território que enriquecem ainda mais com a agricultura intensiva que esgota os solos agrícolas, destrói a paisagem e o património cultural e ambiental que enforma a vida das populações do interior de Portugal.
Com estas medidas o governo de Portugal viola a Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e Membros de Suas Famílias, adoptada em 1990, pela Assembleia Geral da ONU.
A LUTA CONTINUA PELOS DIREITOS E DIGNIDADE DE TODOS OS TRABALHADORES, PORTUGUESES E IMIGRANTES!
A primeira vitória foi já conseguida com o chumbo do Tribunal Constitucional de várias normas da Lei da Nacionalidade aprovada pelo PSD, Chega, IL, CDS é JPP, criada a despropósito da nossa realidade, apenas para o governo competir com a xenofobia da extrema-direita racista e neofascista. Uma lei que envergonharia Portugal!
18 de Dezembro – Dia Internacional dos Migrantes
Pel’O Núcleo de Viseu da OLHO VIVO – Associação para a Defesa do Património, Ambiente e Direitos Humanos
Carlos V. Rodrigues (vice-presidente da direcção nacional e coordenador do Núcleo de Viseu)