Estudo sugere que pré-tratamentos à base de fungos podem tornar a produção de pasta para papel mais sustentável

«Certos pré-tratamentos da madeira mediados por fungos lenhinolíticos (White-Rot Fungi) têm o potencial de permitir a redução de energia e/ou da quantidade de reagentes químicos utilizados durante a produção de pasta para papel. No entanto, estas são metodologias que ainda não foram suficientemente exploradas, particularmente no contexto português»

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  • 11:29 | Terça-feira, 19 de Março de 2024
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Um estudo liderado pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) sugere que pré-tratamentos à base de fungos lenhinolíticos podem auxiliar na produção de pasta para papel sem comprometer a sua qualidade.

Ricardo da Costa, investigador do Departamento de Química, e Maria da Graça Carvalho, professora do Departamento de Engenharia Química, são os autores principais do artigo “Reduced Recalcitrance and Improved Pulp Properties in Eucalypt Woods Pretreated with White-Rot Fungi and Mild Alkali”, publicado na revista Industrial & Engineering Chemistry Research da American Chemical Society.

«Certos pré-tratamentos da madeira mediados por fungos lenhinolíticos (White-Rot Fungi) têm o potencial de permitir a redução de energia e/ou da quantidade de reagentes químicos utilizados durante a produção de pasta para papel. No entanto, estas são metodologias que ainda não foram suficientemente exploradas, particularmente no contexto português», revela Ricardo da Costa.


Assim, «o nosso objetivo principal foi abordar esta lacuna e desenvolver metodologias biotecnológicas que possam ser utilizadas como auxiliares na produção de pasta para papel, sem afetar a qualidade das pastas produzidas», conta Maria da Graça Carvalho, explicando que os pré-tratamentos da biomassa envolvem a aplicação de fungos lenhinolíticos, nomeadamente Ceriporiopsis subvermispora, Ganoderma lucidum, Phanerochaete chrysosporium, Pleurotus ostreatus, e Trametes versicolor, em aparas de madeira de eucalipto antes do cozimento para produção de pasta para papel.

 

A docente elucida ainda que os pré-tratamentos, utilizados durante a investigação, reduziram substancialmente a resistência que a madeira apresenta aos processos de cozimento e melhoraram as propriedades da pasta. Também o teor residual de lenhina foi substancialmente reduzido nas pastas cruas produzidas a partir da madeira tratada, bem como o consumo de reagentes de branqueamento.

Portanto, de acordo com o investigador do Departamento de Química, «estes processos, depois de avaliada a sua viabilidade técnico-económica em contexto industrial, poderão resultar na melhoria da eficiência do processo de produção de pasta para papel», conclui.

Este estudo é o resultado de uma colaboração entre os departamentos de Química, Engenharia Química e de Ciências da Vida (DCV) da FCTUC, no âmbito do projeto “Inpactus”, incluindo o contributo de vários parceiros internacionais, nomeadamente as universidades de York e do País de Gales, no Reino Unido.

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