Compra meia aldeia que descobriu quando fazia o Caminho da Geira

A aldeia de Varziela está próximo do Caminho da Geira e dos Arrieiros. Por isso, uma das ideias de João Amorim “é criar um albergue, com 6/10 camas”, a instalar paralelamente “às coisas de topo e preços correspondentes à qualidade” do projeto a desenvolver. Neste sentido, o Turismo Rural Fundo da Aldeia “pode colmatar um pouco a falta de locais para ficar na zona de Castro Laboreiro”, adianta.

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  • 12:10 | Terça-feira, 07 de Março de 2023
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Um criador de conteúdos e líder de viagens português, seguido por 131 mil pessoas no Instagram, comprou “meia aldeia” em Castro Laboreiro, no concelho de Melgaço, que conheceu enquanto percorria o Caminho da Geira e dos Arrieiros, para desenvolver um projeto de turismo rural.

“Há muito tempo” que João Amorim, de 31 anos, responsável pela Follow de Sun Travel, queria fazer o Caminho de Santiago, mas procurava um itinerário “diferente do habitual”, porque é fascinado pela natureza, nomeadamente o Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG), onde costuma caminhar.

“Quando descobri o Caminho da Geira e dos Arrieiros percebi que era o ideal para os meus objetivos”, conta o viajante, também fotografo e natural de São João da Madeira, acrescentando que “o desejo de o fazer surgiu há pouco mais de um ano e concretizou-se no verão de 2022”.


Para João Amorim, “foi uma ótima escolha, porque é um caminho muito bonito”, devido, por exemplo, ao PNPG, à Geira Romana e à passagem por Castro Laboreiro “Fomos [João e Marta Durán] conhecendo pessoas à medida que fazíamos o caminho. Em Covide ficámos em casa de uma senhora muito simpática, em Espanha em casa de um rapaz, porque não havia hotéis disponíveis. Fomos muito bem recebidos e adorámos as pessoas”, destaca.

E foi, precisamente, em Castro Laboreiro que o Caminho da Geira e dos Arrieiros guiou o líder de viagens até ao novo projeto. “Não foi um processo calculado. Decidi parar, ficar um dia para descansar e estar com o Paulo Azevedo, CEO da empresa Montes de Laboreiro, que conhecia, mas não pessoalmente. Eu mostrei interesse em, um dia, comprar uma casa numa serra e ele levou-nos a ver aldeias da região, mas nunca imaginei que iria comprar”, explica João Amorim.

No entanto, a aldeia de Varziela, na União das Freguesias de Castro Laboreiro e Lamas de Mouro, ficou-lhe na memória. “Foi um dos sítios que me pareceu mais especial: a proximidade ao rio, lindíssimo, as cascatas, a aldeia em si e a ponte medieval, chamaram muito a minha atenção”, reconhece.

A Passagem de Ano de 2022 em Castro Laboreiro com os primos, por sua sugestão, acabaria por ser decisiva. O criador de conteúdos queria mostrar-lhes a região e “pôr o olho e ver se existia qualquer coisa interessante à venda”. No último dia do ano encontraram uma casa em Varziela, no dia seguinte telefonaram à proprietária e a meio da primeira semana de 2023 fecharam o negócio.

Entretanto, quando andavam a passear na aldeia viram outra placa a anunciar a venda de uma casa e entraram em contacto com a imobiliária que afixara o anuncio. À venda estava o fundo da aldeia de Varziela, um conjunto de 10/12 casas. “E assim nasceu o projeto Fundo da Aldeia, de um momento para o outro, passámos [João, o pai e um primo] de compradores de uma casa com quatro currais, para compradores de meia aldeia”, refere João Amorim.

O Turismo Rural Fundo da Aldeia está “numa fase muito inicial”. As escrituras foram assinadas na sexta-feira, dia 24 de fevereiro, e a ideia anunciada no domingo seguinte, num vídeo publicado em Follow de Sun Travel. “Agora é preciso fazer o projeto e encontrar as parcerias locais necessárias, sejam pessoas, empresas ou instituições, e avançar o mais rapidamente possível. Numa perspetiva muito positiva, demoraremos meio ano a fazer o projeto e um ano a reabilitar os edifícios”, explica.

 

 

A aldeia de Varziela está próximo do Caminho da Geira e dos Arrieiros. Por isso, uma das ideias de João Amorim “é criar um albergue, com 6/10 camas”, a instalar paralelamente “às coisas de topo e preços correspondentes à qualidade” do projeto a desenvolver. Neste sentido, o Turismo Rural Fundo da Aldeia “pode colmatar um pouco a falta de locais para ficar na zona de Castro Laboreiro”, adianta.

O Caminho da Geira e dos Arrieiros começa na Sé de Braga e passa pelos municípios de Amares, Terras de Bouro e Melgaço, entrando na Galiza pela Portela Homem. Nos últimos seis anos foi percorrido por mais de três mil peregrinos, um terço dos quais em 2022;  sobretudo de Portugal e Espanha, mas também de Itália, Inglaterra, Alemanha, Croácia, Ucrânia, Rússia, Polónia, Brasil, EUA, Austrália ou Países Baixos.

Este itinerário foi apresentado em 2017 em Ribadavia (Galiza) e Braga, reconhecido pela Igreja em 2019 e em publicações da associação de municípios transfronteiriços Eixo Atlântico (2020) e do Turismo do Porto e Norte de Portugal (2021), e foi um itinerário oficial da Peregrinação Europeia de Jovens do Ano Santo Jacobeu 2021/22.

O percurso tem 240 quilómetros e destaca-se por incluir patrimónios únicos no mundo: a Geira Romana, a via do género mais bem conservada do mundo, e a Reserva da Biosfera Transfronteiriça Gerês-Xurés. Além disso, o seu traçado é um dos escassos cinco que ligam diretamente à Catedral de Santiago de Compostela.

 

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