Uma ideia que alimenta

A ideia é tão boa e tão simples que custa a crer que ninguém tenha pensado nisto antes: comida a mais em restaurantes, cafés e supermercados  – as sobras do dia – alimentam quem tem comida a menos, gente que por motivos que não interessam para nada agora, precisam de comer e não têm. Alguma […]

  • 10:37 | Segunda-feira, 12 de Maio de 2014
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A ideia é tão boa e tão simples que custa a crer que ninguém tenha pensado nisto antes: comida a mais em restaurantes, cafés e supermercados  – as sobras do dia – alimentam quem tem comida a menos, gente que por motivos que não interessam para nada agora, precisam de comer e não têm.

Alguma vez fizeram o esforço genuíno de imaginar as pessoas de quem gostam com fome, sem solução? Imaginem.

Agora imaginem que alguém resolve isso, o flagelo da fome, com um pequeno esforço: a vossa vontade, a minha vontade, a vontade de alguns leirienses que abandonam o sossego do sofá para deixar o melhor de todos os legados: fazer a diferença pelos outros.


É para saber como e onde que na próxima segunda-feira, dia 12 existe a primeira ” reunião sementeira”, a partir das 21:00, no auditório da Nerlei – Associação Empresarial da Região de Leiria, do Refood Leiria. Gostava de ver a sala composta. Gostava de ver gente passar da conversa à acção. Gostava de saber que Leiria não é só a terra dos muitos carros caros, do estádio inútil, das lojas de roupa de marca.

Gostava de saber que aqui também há gente com coração, que fica bem com a sua consciência quando os outros estão melhor, mesmo sem carros caros, sem roupa de marca, sem estádio.

O projeto Re-food, pensado pelo americano Hunter Halder, residente em Lisboa, está a ser desenvolvido em Leiria por 12 voluntários. Em Leiria estão à procura de um espaço para colocar frigoríficos e bancadas para embalar as refeições e entregá-las às famílias carenciadas, que serão indicadas por instituições.

O mentor do projecto, Hunter Halder, lançou o projecto sozinho em Lisboa, quando pegou na sua bicicleta para recolher refeições que sobravam nos restaurantes e cafés do seu bairro para distribuir pelas pessoas carenciadas. Simples não é?

Este maravilhoso exemplo de cidadania activa mostra como o poder de mudar o mundo à nossa volta existe e que podemos realmente fazer a diferença sem esperar passivamente que o Estado, as empresas ou quem quer que seja, mude o que precisa de ser mudado hoje.

Podemos ser nós a fazer a mudança, a dar o exemplo, a resolver. Este imenso potencial que albergamos dentro de nós é a diferença entre quem tem fome hoje e todos os dias e quem pode passar a não ter.

Desde o início do projecto já foram entregues 300 mil refeições, estando os quatro núcleos de Lisboa a entregar uma média de 15 mil refeições por mês a cerca de 845 beneficiários,

Segunda-feira Hunter Halder estará no Nerlei e eu vou lá.

Para apertar a mão a uma pessoa especial.

Posso contar convosco?

 

Ilustração: Zé Oliveira

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