CAPÍTULO XXVII
Enquanto a investigação seguia o seu rumo, muita coisa aconteceu. Seria enfadonho e exaustivo pormenorizar todos os passos, enumerar todas as ações e eternizar tantos sacrifícios dos quantos que abraçaram esta luta. Não mencionarei os que estiveram deste lado, nem eles o fizeram no propósito de qualquer reconhecimento. Mas há uma pessoa, uma Mulher, que não podemos esquecer. Uma mulher livre, lutadora, militante incansável de tantas, como o fez a esta causa da água. Partiu muito cedo, cobardemente ceifada por uma maldita doença, em setembro de 2017, com a certeza de que a nossa luta, a sua luta, iria dar resultados. Por tudo, amiga Clara Alexandre, o nosso muito obrigado e que descanses em paz nesse oriente eterno. Até sempre!
O impacto das notícias iam alargando o interesse dos mais comuns cidadãos, conquistando o seu apoio e a sua simpatia.
A União de Freguesias de Vilar de Besteiros, leito da barragem do Paul e berço de e distribuição da água, a mais próxima, mas ao mesmo tempo, mais longe de qualquer benefício que compensasse a redução do caudal do rio Dinha, que corre no seu corpo, mais do que em qualquer outro lugar, outrora a praia de eleição dos seus habitantes e visitantes, ousou desafiar o poder e enfrentar fúrias, enquanto conseguiu arredar caminhos para ajudar na divulgação da nobre causa da água.
Foi na Edição da FICTON, em setembro de 2015, que se fez ouvir (e ver) chamando a si o protagonismo do espaço dedicado às freguesias, dedicando um módulo por inteiro à causa da água, para ira de alguns promotores, mas para gáudio da vasta maioria dos visitantes que por lá passavam.
Um vídeo de produção gratuita que, em 24 horas, atingiu mais de 10.000 visualizações nas redes sociais, além dos milhares de visitantes que a ele assistiram, ao longo dos vários dias daquele evento.
Para quem não viu, ou para quem quiser recordar:
https://www.facebook.com/share/p/18vHeZR3kR/
De regresso ao que interessa, o ano de 2016 corria, muita gente na expetativa da vinda do Diabo, que nunca aconteceu. Foi um ano de mudanças, de renúncia ao fado e do regresso da esperança. Foi um ano bom para Portugal e para a generalidade dos Portugueses. Foi o ano em que terminaram as investigações aos autarcas que passaram pelo Planalto Beirão desde o início do milénio até 2013.
Terminado o inquérito, investigados seis ex-presidentes de câmara e um nomeado Administrador-delegado, chegou o tempo de o Ministério Público declarar por encerrado o inquérito de investigação.
E assim foi.
No início de 2017, no preciso dia 10 de janeiro, um extenso documento de 44 páginas, terminava assim:
“Agiram sempre os arguidos de forma livre, voluntária e consciente, bem sabendo ser toda a sua conduta supra descrita proibida e penalmente punida.
Cometeram, assim, os arguidos, em co-autoria material, um crime de Recebimento indevido de vantagem, na forma continuada, p. e p. pelos arts. 16.º, n. º 1, 19.º, n.º 1, ambos da Lei n.º 34/87 de 16 de julho (na sua versão atual), e o art.º 30.º, n.º 2, do Código Penal, sendo que o arguido Xxxxxxx Xxxxxxxxxx Xxxxxxx cometeu ainda, em concurso real e em autoria material, um crime de Recebimento indevido de vantagem, na forma continuada, p.p. pelos art.º 372.º, n. º 1 e 30.º, n.º 2 ambos do código Penal”.
Os pormenores seguirão a qualquer momento ….
(CONTINUA)