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Joaquim Santos
CAPÍTULO XLVI
Voltamos à água e aos preços que aí vêm. Há que pegar nas máquinas de calcular e fazer contas. Todos!
Vamos simular uma fatura completa, para quem tem água ligada, quem vive fora e, por isso, não apresenta consumos. Quanto paga por mês?
RSU – Resíduos sólidos (lixo) 3,60 €
TD – Taxa de disponibilidade água 7,87 €
S – Saneamento Fixo 4,75 €
Total 16,22 € + taxas
Quanto irá pagar?
RSU – Resíduos sólidos (lixo) 3,60 €
TD – Taxa de disponibilidade água 6,38 €
S – Saneamento Fixo 4,75 €
Total 14,73 € + taxas
Agora, é só fazer contas: 16,22 – 14,73 = 1,49 € + IVA – valor da poupança 9%.
Qual a relevância deste exemplo, se não há consumo de água?
No passado dia 25 de março, em conferência de imprensa realizada na sede da AMRPB, os autarcas dos cinco concelhos abastecidos pela Águas do Planalto, anunciaram uma baixa de 33% do preço da água para as famílias.
O eco logo inundou as redes sociais com os mais diversos comentários e impropérios. De entre eles, muitos diziam “eu não consumo água, sou emigrante, só lá vou um mês de férias e pago 30 e tal euros em cada dois meses”. Pois lá está, somando o valor de 2 meses e a respetiva taxa de IVA, são 35 euros, a preços de agora! E vão ser cerca de 32 euros … Nada mau, menos 3 euros em cada 2 meses! Uma fortuna, embora muito longe dos 33 pontos percentuais da anunciada poupança.
Certamente, essas pessoas ficarão desiludidas e irão continuar com os tais impropérios, que começam em “ladrões” e vão por aí acima … e contra os menos culpados desta história, a única que baixou o valor – a Águas do Planalto, o tal bode expiatório, para avivar a memória de quem tem acompanhado esta “aventura”.
Por entre a chuva, continuarão a passar os mesmos de sempre, os verdadeiros culpados e fazedores de notícias à medida das missas dominicais em que participam, principalmente quando há procissão …e muita fé!
Será que os restantes consumidores vão sentir a prometida redução na sua fatura? É isso que iremos calcular. Certamente que sim, na parte que respeita ao consumo de água. Mas como “não há bela sem senão”, grande parte dessa poupança já está a ser engolida pelo ralo da banheira e das máquinas de lavar, só voltando à luz do dia quando nos pouparem aos mesmos sacrifícios financeiros de sempre.
Mas criado o monstro, há que o alimentar! Livramo-nos de uma e meteram-nos noutra. Será apenas azar?
Até lá, a vida tem de continuar e …
(CONTINUA)
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