Tal como o sol, a água quando nasce é para todos! (XLV)

Porquê este escandaloso aumento? Precisamente, porque mandar fazer custa menos que fazer. Em 20210, a Tondela juntaram-se Carregal do Sal, Santa Comba Dão e Tábua, à volta de uma associação, após algumas convulsões,  batizada de AINTAR – Associação de Municípios para o Sistema Intermunicipal de Águas Residuais.

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  • 11:50 | Quinta-feira, 22 de Maio de 2025
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CAPÍTULO XLV

 

Deixemos, por ora, os vasos comunicantes e dediquemos a nossa atenção ao valor do saneamento destas duas faturas.


– A primeira, de janeiro, a segunda, de fevereiro, indicam o custo/dia do serviço, que aumentou, relativamente a dezembro, em 0,90 € / mês. Não parece, mas é muito, tendo em conta que, quem tiver ligado o saneamento e não gastar água, porque tem água própria ou está ausente, paga 4,75 € / mês. E não vai baixar!

Vemos que os 1.º e 2.º escalões subiram em fevereiro, cerca de 7 cêntimos / m3 e o 3.º escalão, 16 cêntimos / m3. Parece pouco, mas não é! Grão a grão, nos levam o dinheiro.

Significa que quem consumir 5 m3 de água, além do seu custo, paga 5,95 € de saneamento, quem consumir 10 m3, paga 8,95 € e quem consumir 15 m3, paga 16,50 €, antes de taxas. Recordo o que vimos ontem – em 2020, quem consumisse 15 m3 de água, pagava 4,55 euros de saneamento. Hoje paga 16,50 €, além das taxas e taxinhas. Quase 4 vezes mais!

Porquê este escandaloso aumento? Precisamente, porque mandar fazer custa menos que fazer. Em 20210, a Tondela juntaram-se Carregal do Sal, Santa Comba Dão e Tábua, à volta de uma associação, após algumas convulsões,  batizada de AINTAR – Associação de Municípios para o Sistema Intermunicipal de Águas Residuais.

Provavelmente, bem fez o município de Mortágua, cujo executivo, no anterior mandato, aprovou por unanimidade a sua adesão ao projeto AINTAR, mas logo depois, a assembleia municipal, também por unanimidade, reprovou a proposta, queimados e recordados que estavam do negócio da água.

Traços gerais, a AINTAR permite candidaturas comunitárias na área de tratamento de águas residuais, ao contrário do que não seria possível com candidaturas isoladas de qualquer dos 4 municípios, por não atingirem o número mínimo de habitantes que os tornasse elegíveis para o efeito.

Por um lado, um bem, por outro, o tempo o dirá, com fortes probabilidades de sobrar para os clientes, todos nós, como já está a acontecer.

Mas toda a água que consumimos, entra nos ramais de saneamento? Claro que não.

Segundo informação, está prevista uma margem de 10% sobre o consumo de água, que não deve ser considerada para efeitos de volume de saneamento a cobrar – não obtendo dados dos outros, pelo menos o município de Tondela fatura, juntamente com a água e os resíduos sólidos, a totalidade, entrando em incumprimento. Lá está, são estas pequenas coisas, estes centavos que, juntos, dão uma soma muito generosa … mas para quê?

Será que os sistemas estão a funcionar bem? Ninguém sabe ao certo, mas toda a gente desconfia.

Para já, duas conclusões estão garantidas:

– Além do absurdo do preço, pagamos mais 10% do que é legalmente devido.

– Em Tondela, há muito a esconder e muito a tratar – temos sistemas de saneamento velhos, desatualizados e sem manutenção. Até se fala que ninguém conhece a rede de saneamento da cidade! Uma rede honesta, portanto, sem cadastro.

– Os consumidores não são culpados pelos erros de cálculo de potenciais volumes residuais a lançar no sistema, numa cidade em que primeiro se constrói e só depois se avaliam as consequências da sobrecarga lançada num emaranhado de ligações que, em dias de chuvas intensas, lançam nas etar’s milhares de metros cúbicos de água, cujo destino seria a rede pluvial e não a rede de esgotos. Depois entopem, transbordam, sem processamento, contaminando os já tão maltratados rios, sangue deste território.

Quem não acreditar, que se prante no jardim da cidade num desses dias chuvosos e aguarde que “estoire” a tampa de saneamento, mesmo ao centro da rua principal, em frente ao Palácio da Justiça… e como é costume, sinaliza-se o buraco e está resolvido o problema …

 

(CONTINUA)

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Publicado em Opinião