CAPÍTULO XLIV
Quando abrimos a torneira e desde que a água corra à medida das nossas expetativas, nunca imaginamos os cálculos necessários, nem as leis da Física a respeitar, para tornar possível que o precioso líquido jorre na cozinha, na casa de banho ou no quintal. Tudo parece natural, como tivesse sido sempre assim, mas não!
A Lei de Arquimedes, o Princípio de Pascal, o Teorema de Steven, a Lei de Newton ou, simplesmente, o princípio dos vasos comunicantes, são fundamentais para levar a água até onde é precisa.
Mas não julguem que tudo se faz pela escassez, é quase sempre pelo negócio que satisfaça uma estratégia– tal como aconteceu em 2008!
Depois do “quase sempre” vem o “às vezes”. Às vezes, cumprir as leis da Física, não significa que se cumpram as outras leis; cumprir Princípios não significa que se respeitem todos os outros princípios.
No negócio, ou na sua justificação, há sempre o verso e o reverso, é como nas moedas. Por isso, há quem goste de atirar a moeda ao ar, imitando um árbitro, mas não é bem assim. Baixa de um lado, sobre do outro, para atingir o equilíbrio.
A nossa água tem estado sempre em alta, primeiro porque é de boa qualidade, diga-se a verdade, e em segundo, pelo elevado preço, comparada com todas as outras.
Numa região, salvo situações críticas, em que a água não é escassa, apenas a gula política de uns ou a incapacidade de meia dúzia de erros dos casting’s partidários, nos poderia trazer até uma miserável condição.
Em ano de eleições autárquicas, é preciso maquilhar a gestão e comprar óculos de sol para distribuir aos fiéis.
– Vamos pagar menos. Da poupança podem ter umas férias de luxo. Vamos baixar 30, ou mesmo 40%. Vamos espalhar felicidade. Fui eu que fiz … e por aí fora.
Assim nos encheram os ouvidos.
E então, em tempo de eleições, neste ano de emoções, já vamos no 2.º aumento do preço. Ah … o impacto vai ser ainda maior!
Sabedores do mais elementar princípio dos vasos comunicantes, usado pelos pedreiros para nivelar seus trabalhos, com ajuda de uma mangueira transparente e cheia de água, baixa de um lado e sobe de outro, querem melhorar o nível financeiro, digo, o fraco nível da nossa qualidade de vida.
Alguns consumidores, mais felizes que outros, são enganados como todos. Menos um euro, quando esperam reduzir 40%. mas como não consomem água da rede, por mais porcaria que metam nos canos, pagamos nós por eles.
Só quem não tem noção, aceita pagar um aumento de 300 ou 400% em pouco tempo e ficar calado. Não é por causa da guerra, nem da mão-de-obra, nem por causa disto ou daquilo. Até podem dizer que é por causa do passado, mas também é da má gestão do presente, porque sacudir o trabalho para entidades privadas, é cativar despesa para pagar lugares, muitas vezes, de gente incompetente e para outras coisas do género. A ver vamos se será ou não assim.
Sosseguem, agora não falamos da água que se consome, mas da água suja, por tanta gente com ela lavar as mãos!
Não falamos da Águas do Planalto, mas de uma nova ideia de governança que nos deve inquietar …
(CONTINUA)