Tal como o sol, a água quando nasce é para todos! (LXIII)

Permita-se-nos uma pergunta:  não estava prevista a alteração dos preços desde o início do ano? E foi só agora, por culpa do Tribunal de Contas, que só agora se pronunciou? Então, porque veio a correr, em março, arrepiar caminho para a sua consagração? Terá sido por medo de desqualificação?

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  • 10:13 | Quinta-feira, 19 de Junho de 2025
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CAPÍTULO LXIII

 

As voltas que a água dá!


A página “facebookiana” do Município de Tondela parece um canal das nossas TV’s, que fala horas sem fim dos seus temas preferidos – futebol e notícias de faca e alguidar, enfeitando de letras garrafais os títulos de rodapé, como isco à leitura dos que sabem soletrar.

 

Na emissão, perdão, na publicação vespertina desta 2.ª feira, lia-se na página municipal: “A fatura da água vai baixar já a partir de 1 de julho em Tondela”. Em Tondela … que bonito, em Tondela!

Quem não clicar, vai ficar pelas “gordas” em rodapé, com esse primeiro parágrafo, a esconder convenientemente os outros 4 concelhos, e visualizar apenas três fotos: uma, com um plano geral de quatro, onde falta um autarca, outra, um primeiro plano da senhora autarca e, por último, um plano médio, a senhora edil, acompanhada de outro autarca, no limiar da validade por atingir a limitação de mandatos — esse já não a incomoda. Os outros autarcas, esses “perigosos socialistas”, foram varridos das fotos, para manter a tradição do que se fez e continua a fazer por cá, em relação em relação à oposição — um golpe de tesoura e … zás, desaparecem, não vá o eleitorado saber que há outros que podem fazer diferente e fazer melhor.

Voltando ao assunto: afinal, a água também não vai servir de trunfo eleitoral para a senhora presidente, por mais que se esforce e se esforcem os seus alimentadores das notícias, com tantos e floreados retalhos de propaganda. Quase todos já ficaram a saber de que lado esteve a senhora todos estes anos. Leiam-se os comentários – afinal, valeu a pena contar a história que nos trouxe até aqui.

Mais – contas feitas (e publicadas), só nos últimos 3 anos, a água aumentou praticamente o mesmo valor do que anuncia a redução. É que, para lá do consumo, pagamos taxas, as altíssimas taxas, que pesam como nunca nas carteiras de quem paga e essas não reduzirão o valor final das nossas faturas.

Mas desta, apesar da expetativa, a senhora presidente não veio partilhar a publicação municipal, preferiu fotos das marchas de Santo António, padroeiro de Lisboa, o que dá razão à crítica que nos mereceu; mas ficamos sem perceber quem manda no concelho, se é a comissão política do seu partido, que em março embandeirou em arco, ou se é a Câmara Municipal, a anunciante de agora. Nem ela saberá bem. Permita-se-nos uma pergunta:  não estava prevista a alteração dos preços desde o início do ano? E foi só agora, por culpa do Tribunal de Contas, que só agora se pronunciou? Então, porque veio a correr, em março, arrepiar caminho para a sua consagração? Terá sido por medo de desqualificação?

E se o Tribunal de Contas recusasse o negócio, o que faria? Seria o novo bode expiatório? Pois, lá está, mais uma vez, a carroça à frente dos bois!

Todos sabemos que a contrapartida foi o prolongamento da concessão por mais 15 anos, a contar do início do acordo, mas não é a mesma coisa. Assim, estamos a adiantar o valor de 6 meses de faturas, que nunca nos será devolvido, mas simplesmente agravado. Percebeu a diferença? Com os atuais sistemas informáticos, seria fácil reportar as contas e acertar a janeiro, quem não quis? É que, daqui a meio ano, arriscamos um primeiro aumento …

Naturalmente, ficamos na expetativa de uma fatura com os novos preços, para muitos uma desilusão. Uma grande percentagem de clientes da água, aqueles que pouca ou nenhuma água consomem, ficarão frustrados, por causa da falta de transparência de um inconveniente esclarecimento. Outros, que mais água consomem, continuarão penalizados pela atual versão das novas taxas do saneamento, essas sim, com grande responsabilidade da senhora presidente, das quais foi uma desgarrada defensora.

E não venha dizer que não foi …

 

(CONTINUA)

 

 

 

 

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Publicado em Opinião