Segunda vaga

O confinamento foi tão rápido que quando demos por nós já a vida que tínhamos estava virada do avesso.

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  • 22:05 | Quarta-feira, 27 de Maio de 2020
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A OMS, numa declaração dúbia, aventa a hipótese de não haver segunda vaga, podendo o vírus desaparecer.

Lamentavelmente esta não é uma mensagem unívoca e presta-se a trazer piores resultados que se estivessem calados.

Não é caso virgem, pois já muitos médicos falavam de pandemia e a OMS continuava a não a assumir.


São estes erros de comunicação que dão espaço aos Trumps deste mundo.

Mas uma coisa é certa, a vaga que se aproxima é económica e social.

Neste primeiro embate foram tomadas medidas que amenizaram as dramáticas consequências do confinamento.

Ajuda familiar a um dos pais de crianças com menos de 12 anos, lay off simplificado, apoios a trabalhadores independentes, a gerentes, medidas extraordinárias de financiamento, dilação de cumprimento de obrigações financeiras, etc.

Ainda assim tivemos e temos situações de extrema carência, de fome e de verdadeiro desespero.

Muita gente, apesar de toda a pressão para impedir despedimentos, acabou por se ver sem trabalho e sem rendimento. Outros viram os seus réditos tão diminuídos que perderam qualquer possibilidade de satisfazerem os seus compromissos e/ou garantir a satisfação das suas necessidades.

O confinamento foi tão rápido que quando demos por nós já a vida que tínhamos estava virada do avesso.

Escolas e serviços fechados, estabelecimentos e empresas encerradas por imposição ou por absoluta impossibilidade de funcionamento.

Creio que poucas pessoas acreditaram que as medidas sanitárias tomadas tivessem o grau de adesão que tiveram. Mas creio que também muitos não querem acreditar que as sequelas económicas e sociais não vão deixar de existir com a rapidez com que se instalaram.

Muitas das medidas de emergência tomadas vão perder validade e outras que as substituam é expectável não terem o mesmo efeito.

E esse efeito é que será a segunda vaga.

A alteração de hábitos e os receios ententretanto instalados vão tornar inviáveis muitas empresas.

A capacidade de adaptação e alteração do objeto é finito e, diria mesmo, muito limitado. A apregoada reinvenção não tem aplicação significativa.

Tudo isto implica e conduz a muitas falências e a muito desemprego.

Com esta realidade a pobreza e até a pobreza extrema vão aparecer e exigir respostas eficazes.

O plano que o Governo está a preparar não pode esquecer estas respostas.

É nos mais necessitados e na garantia de mínimos de subsistência que o foco deverá estar centrado.

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