Que mal há na atomização e na autarcia?

Em 1941, no cume do poderio nazi, falava-se muito de uma Nova Ordem para a Europa. Os tolos davam sofisticação ideológica a este futuro e concediam-lhe foros de racionalidade e, coitados, de esperança. Liam com atenção os líderes alemães, que propunham uma política económica unificada ou, a contrario sensu, para não ofender os crédulos, que […]

  • 23:10 | Sexta-feira, 12 de Julho de 2019
  • Ler em < 1

Em 1941, no cume do poderio nazi, falava-se muito de uma Nova Ordem para a Europa.

Os tolos davam sofisticação ideológica a este futuro e concediam-lhe foros de racionalidade e, coitados, de esperança. Liam com atenção os líderes alemães, que propunham uma política económica unificada ou, a contrario sensu, para não ofender os crédulos, que acabasse com a «atomização» da Europa, ou seja, que pusesse fim à «autarcia excessiva na qual todo o país pequeno deseja fabricar tudo, desde o botão até à locomotiva pesada».


Acabei de citar o discurso do ministro da Economia da Alemanha, Walter Funk, em Julho de 1940, em Viena, pressurosamente enviado a Salazar.

O ministro fascista italiano do Câmbio e da Moeda seguiu logo o raciocínio. A derrota das democracias daria lugar a uma hierarquia económica entre nações, a qual se faria, entre outras maneiras, com a redistribuição das colónias.

Salazar havia de estar apreensivo, mas o rosto de um estadista é, de sua natureza, impassível. E o coração, quando calha, também.

Nuno Rosmaninho

Gosto do artigo
Publicado por
Publicado em Opinião