O pântano

Incomoda-me um Deus assim, que enche de virtudes e dotes alguns protegidos e negligencia outros, a maioria. É desde aí que defendo a limitação de deputados para a AR, ao mesmo tempo que entendo que as candidaturas ao Parlamento também deviam estar abertas a independentes. Mas cada vez ando mais ao contrário da moda.

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  • 13:18 | Sexta-feira, 19 de Fevereiro de 2021
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Há já alguns anos que penso só haver vantagens na limitação de mandatos para a Assembleia da República. Não sei precisar o tempo, mas, vagamente, aconteceu quando fui tomando nota dos cromos que se repetiam numa caderneta já gasta. Indicados pela máquina aparelhística, que trucida os descuidados com a hierarquia e a disciplina partidárias, autocontrolam-se e autoavaliam-se. E reproduzem-se, anos a fio, aumentam a prole com alguns novos, poucos, também escravos e submissos. A maioria ninguém os conhece, nada de relevante fizeram pela Pátria, mas lá continuam, às ordens e ao mando do capataz, e enquanto lhe forem úteis.

Incomoda-me um Deus assim, que enche de virtudes e dotes alguns protegidos e negligencia outros, a maioria. É desde aí que defendo a limitação de deputados para a AR, ao mesmo tempo que entendo que as candidaturas ao Parlamento também deviam estar abertas a independentes. Mas cada vez ando mais ao contrário da moda.

Consta que o maldito e perverso Bloco Central, num concubinato lascivo, acrescentando lama ao pântano, já se pôs de acordo em produzir legislação que crie entropias às candidaturas de independentes nas autarquias locais.

Logo aí, onde elas começavam a desafiar os grandes e a ganhar terreno. Amesendaram-se os donos da propriedade e puseram trancas à porta da fortaleza no fito de melhor a defenderem.


Afinal, a democracia tem amos. Sou muito ingénuo.

 

(Foto DR)

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Publicado em Opinião