O João não é a solução!

Conseguiu o que só a D. Milú tinha almejado: dar razão a uma poderosa manifestação de unidade dos professores, revoltados com anos e anos de desconsideração e de enxovalho. D. Milú, o seu émulo na corrida a carniceiro-mor dos professores.

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  • 16:18 | Segunda-feira, 16 de Janeiro de 2023
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Entre muitos outros, o Dr. António tem em mãos dois dossiers do tamanho do mundo, de tão difícil escalada quanto o Everest. E como o PM não é João Garcia nem Ângelo Felgueiras, não lhe auguro grande sucesso.

A saúde e a educação. A primeira está um caos, desfeita em cacos, como jamais se viu. A educação é uma nau sem rumo, que mete água pela proa e pela popa, ameaçando afundar-se com a borrasca que a assola.

O Dr. João pareceu ter jeito quando era suplente, trabalhando na sombra de um ministro inseguro e envergonhado, mas a titular, como timoneiro de uma equipa é um verdadeiro desastre.


Conseguiu o que só a D. Milú tinha almejado: dar razão a uma poderosa manifestação de unidade dos professores, revoltados com anos e anos de desconsideração e de enxovalho. D. Milú, o seu émulo na corrida a carniceiro-mor dos professores.

São as estúpidas e esgotantes tarefas administrativas, as repetitivas reuniões por tudo e por nada, a obscena carga burocrática que carregam nos ombros, as malditas quotas e os bloqueios na progressão da carreira, a precariedade no emprego, os baixos salários, as baixas ou nulas expectativas de se chegar ao topo da carreira, tantos são os obstáculos que encontram no percurso, a degradação do seu estatuto profissional e social.

Eu ainda sou do tempo em que me chamavam ” Sr. Professor”, aposentei-me a tratarem-me por “Ó professor”. Para esta desvalorização um tal de Crato, muito fez, quando humilhou a classe docente na praça pública, acusando-a de impreparada e de não saber escrever. Não me esqueço.

A gigantesca manifestação e as greves que se sucedem, com adesão inquestionável, encurralaram o governo, que não sabe o que fazer.

 

O Dr. João tornou-se um problema, perdeu o respeito dos professores, e autoridade é predicado de que há foi despojado pelas suas múltiplas diatribes. Tem cara de anjo, mas mostrou o perfil de incendiário, ao tentar virar pais e alunos contra os professores. Em vez de árbitro, foi atiçador. O Dr. João tornou-se um empecilho, uma chaga, de que o governo vai ter de se livrar antes que seja tarde, antes que as posições se radicalizem e se quebrem as pontes de diálogo. O sector da educação está um barril de pólvora, e o Dr. João já mostrou que não tem estaleca, arcaboiço, para encontrar soluções para profissionais que estão exaustos, frustrados e desmotivados.

Com este senhor, parece-me que não há diálogo possível, porque se quebrou o essencial numa negociação: a confiança mútua. Até essa o governante se empenhou em desperdiçar. Para bem do país, dos pais, dos alunos e dos professores antecipo que o Dr. João tem os dias contados, e a sua saída é uma questão de tempo.

Hoje, é já um fardo demasiado pesado que o governo e o PS carregam a contragosto, é uma peça fora do tabuleiro, uma carta fora do baralho, um ramo fora da árvore.

Como a política tem os seus tempos e as suas coreografias, não é para amanhã, aguardemos antes pelos próximos dias. Eles trarão mais uma mexida no elenco.

Perdido por 12, perdido por 13, é a conta que ocupa a mente “prodigiosa” do Dr. António.

 

(Foto DR)

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Publicado em Opinião