O engasgamento de Almeida Henriques e o cucar do cuco

Estes indivíduos, a assim agirem, arriscam-se a deixar uma má imagem do Poder Local, e embora todos saibamos que dois pinheiritos não fazem o pinheiral, mostram uma boçalidade “pires” que só é agravada pela ausência de resposta límpida ao inquirido.

  • 19:39 | Terça-feira, 25 de Agosto de 2020
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Para António Almeida Henriques a Democracia quase parece assentar numa titubeante autocracia, numa desajustada arrogância, numa pífia retórica e num humor de pacotilha.

O vídeo da última reunião do executivo camarário viseense assim o indicia. Questionado pelo vereador do PS Pedro Baila Antunes sobre certas eventuais irregularidades que decorreriam na Viseu Marca, veio o seu director/vereador, homenzinho culto e palavroso, invocar a despreceito “crocodilos” na intervenção em causa. Ele lá saberá do que fala.

Agitado e gaguejante, em sua defesa lesto acorreu o presidente do município, com uma bizarra conversa de “cucos”, ou cucar, que assim se chama a sua fala. Ele lá saberá do porquê da analogia.

Estes indivíduos, a assim agirem, arriscam-se a deixar uma má imagem do Poder Local, e embora todos saibamos que dois pinheiritos não fazem o pinheiral, acabam por patentear uma boçalidade “pires” que só é agravada pela ausência de resposta límpida e inequívoca ao inquirido.


Ou seja, quando confrontados com questões para as quais não têm ou não querem ter resposta, enervam-se e deixam da boca brotar “engasgamentos”, em discursos falhados e dando razão a R. Barthes, para quem “A fala é irreversível, é essa a sua fatalidade. O que foi dito não se pode emendar, salvo se for aumentado: corrigir é, aqui estranhamente acrescentar. (…) A esta singular anulação por acrescentamento chamarei ‘engasgamento’. O engasgamento é uma mensagem duas vezes falhada…

E foi o que aconteceu, um acto que se queria de fina ironia (?) redundou num engasgamento grosseiro a evidenciar um desnorte de fim de linha, ou uma agonia estertorada…

Ao leitor cabe ver o filmezinho e ficar naquilo que lhe parece.

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Publicado em Opinião