Liberalismo de Pacotilha

Não sei se Queiroz Pereira quer voltar aos tempos do analfabetismo onde só uns quantos privilegiados podiam estudar, mas um pouco de coerência não lhe ficaria mal para tentar vender o seu peixe.

  • 22:23 | Terça-feira, 30 de Maio de 2017
  • Ler em 2 minutos

Hoje acordei praticamente a ouvir Rodrigo Queiroz e Melo, director executivo da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo dizer, a propósito da intenção do Governo de Portugal em reduzir o financiamento aos colégios (não confundir com escolas) privados, desta feita a 268, que há uma “perseguição ideológica na educação”. A poupança estima-se em 21 milhões de euros. O Estado espera deixar de gastar nestes contratos de associação cerca de 55 milhões de euros.

Queiroz e Melo vai mais longe e ataca o Governo de “promover uma maquina produtiva e não uma máquina educativa” (tentar não rir). Este senhor quer que o Estado, em vez de promover um ensino público de qualidade, com igualdade de oportunidades para todos, geograficamente bem implementada, aposte nas empresas que representa e que se comportam, elas sim, como máquinas produtivas de lucros. Como serão os contratos de trabalho feitos pelas associadas defendidas por RPM?

O mesmo senhor cataloga as escolas públicas, onde a esmagadora maioria da população recorre – até porque não existem onde habitam, e porque não têm recursos para tal, como “fábricas de salchichas educativas“. Ora certamente com o dinheiro poupado para engrossar lucros privados será certamente possível melhorar o recheio do “enchido”.


Não sei se Queiroz Pereira quer voltar aos tempos do analfabetismo onde só uns quantos privilegiados podiam estudar, mas um pouco de coerência não lhe ficaria mal para tentar vender o seu peixe.

Naturalmente que todos somos livres de escolher uma escola que não a pública, mas os que o querem, arquem com os custos e não insultem a maioria dos portugueses (que nem escolas privadas têm na sua terra) e não queiram que seja o Estado a pagar o filet mignon da malta que não gosta de misturas. Sejam corajosos e abatam as despesas no IRS.

E serem sérios? Dizer-se liberal mas viver de apoios de Estado (conseguidos de formas habilidosas – alguém se lembra dos colégios GPS?) é fantástico.

Gosto do artigo
Publicado por
Publicado em Opinião