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Ondina Freixo
“Para conseguir a amizade de uma pessoa digna é preciso desenvolvermos em nós mesmos as qualidades que naquela admiramos.” (Sócrates)
Há uns anos atrás uma grande amiga que é daquelas que são eternas, deu-me a melhor definição de amizade, depois da de Sócrates que cito no início deste texto.
Dizia ela, que o verdadeiro amigo é aquele a quem pudemos telefonar às quatro da manhã, com a certeza que seremos bem acolhidos.
O verdadeiro amigo é aquele que estará disponível para nos ouvir, nos aconselhar, ou simplesmente nos apaziguar com palavras de conforto nas noites mal dormidas e nos dias cinzentos de dor.
A amizade é um sentimento que nos eleva que nos faz querer agradar e tal como diz Sócrates, que nos leva a desenvolver qualidades que admiramos nos amigos.
A amizade tem que ser alimentada, acarinhada, precisa de tempo e de espaço e é por isso que não acredito nas pessoas que dizem que têm muitos amigos.
Ninguém pode ter muitos amigos, os amigos verdadeiros dão trabalho, precisam que nos ocupemos deles quando necessitam, precisam que os acarinhemos quando querem mimo, precisam que estejamos disponíveis mesmo que seja às quatro da manhã.
Os nossos amigos, os verdadeiros, os autênticos, aqueles que só uma catástrofe pode levar, são poucos e serão sempre especiais. Os nossos amigos, tal como nós não são perfeitos, têm defeitos e qualidades.
Costumo dizer que aos verdadeiros amigos devemos minimizar os defeitos, dar-lhe pouco peso, e enaltecer e valorizar as qualidades. Só assim é possível manter uma amizade. Se pelo contrário ao menor contratempo, ao menor descuido, ao menor abalo, colocarmos na balança da nossa avaliação, apenas as coisas menos boas, adeus amizade, não há nenhuma que resista.
Um amigo é aquele a quem podemos falar das suas não qualidades tendo a certeza que nos vai agradecer por o termos feito, porque ao amigo não podemos nem devemos dizer sempre sim, há alturas em que um não ou uma crítica construtiva fortalecem mais uma relação do que a covardia de não encarar uma discussão.
Para os nossos amigos desejamos tudo de bom, vibramos com a sua felicidade, os seus sucessos e alegrias e choramos com eles as tristezas, perdas e os fracassos. Os amigos ocupam-nos, preocupam-nos, dão-nos trabalho, mas também nos trazem alegria, partilha, cumplicidade, paz e a certeza da presença.
Como diz o grande Vinicius de Morais “A gente não faz amigos, reconhece-os.” Mas depois de os reconhecer é preciso ter habilidade para os manter, por isso não podemos ter muitos amigos, poucos e bons para pudermos ter tempo e espaço para eles…
Ondina Freixo
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