Esta é a nova Rua Direita

Os tempos mudam, vieram os centros comerciais, as más politicas municipais e outras pasmaceiras habituais das associações industriais e comerciais e a Rua Direita de então finou-se!

  • 16:06 | Domingo, 09 de Fevereiro de 2020
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A Rua Direita, a outra, que há muito tempo foi a Rua das Tendas, “corta Viseu em sentido longitudinal, ou de nascente a poente, pelo que muito impropriamente tambem outro’ra serviu de divisão às 2 freguezias Oriental e Occidental da Sé, a qual demora ao poente da dicta rua e distante d’ella”, (…) “enfiada de tres antigas ruas: rua de S. Martinho na sua parte leste; rua dos Cavalleiros na sua extremidade O, desde o arco do palacete dos Albuquerques até ao arco do convento; e rua Direita, propriamente dicta, a parte central” (…) “é muito torta, muito antiga e uma das mais estreitas e mais immundas, mas muito central, muito extensa, a mais comprida de todas e revestida de casas, avultando entre ellas algumas das melhores de Viseu”.

Ricardo Sandro (José Alves Madeira) em 1973, ainda a cantava plena de fulgor, onde “tudo se vende a granel, exposição permanente de retratos, do dia da lua-de-mel, um comércio em cada porta, seja larga ou seja estreita, Ó minha Rua Direita, não é defeito seres torta” e por esses anos ninguém a percorria de sul a norte sem levar uns encontrões, um chega para lá, um olá, um anda cá, bebe aqui um e oh freguês venha cá se faz favor.

Os tempos mudam, vieram os centros comerciais, as más politicas municipais e outras pasmaceiras habituais das associações industriais e comerciais e a Rua Direita de então finou-se! Acabaram os magotes de gente, a criançada a chilrear, os comerciantes a apregoar, a cidade a respirar… agora é mais bolos e circo só! A física Rua Direita findou-se! A digital Rua Direita renovou-se!


O jornalismo online está em crescimento constante e isso acontece porque além de custar menos, um jornal online permite uma maior interacção com o leitor. Depois da sociedade de informação, surge a sociedade em rede que reagrupa empresas, organizações e indivíduos alcançando um novo paradigma na sociedade mostrando como a economia está organizada à volta das redes globais que geram informação. O aparecimento da Internet e a consequente evolução tecnológica veio trazer ao mercado do jornalismo a oportunidade de explorar novas ideias, novos conteúdos e expandir os seus horizontes. O jornal impresso ainda resiste, mas é o jornalismo online e digital que cada vez ganha mais força e território junto do público.

Esta é a nova Rua Direita onde recolhemos informação em tempo real e constatamos o feedback do público na hora, onde não bebemos apenas as notícias do dia mas também a opinião plural e eclética de diversas sensibilidades e experiencias pessoais e onde a liberdade de opinião começa no cabeçalho e não acaba no rodapé. É nesta Rua Direita que hoje percebemos o respirar da cidade, o pulsar da democracia, a esperança do cidadão e o desgosto do eleitor, há de tudo hoje aqui nesta Rua Direita digital como ontem havia na Rua Direita da cidade. E, curiosamente resta ainda uma semelhança nestes espaços, os que nas 4 esquinas à entrada desta ou da outra Rua Direita se juntam para desvalorizar a cidadania e a democracia são os mesmos. Há coisas que nunca mudam, excepção feita a esta Rua Direita que a toda a hora se renova!

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Publicado em Opinião