Erdogan, Pavlópoulos e Assad jogam ping-pong com os refugiados

Mal a televisão turca anunciou esta medida, milhares de refugiados seguiram para norte, para através do Mar Egeu atingiram a Grécia e a Bulgária, através de Istambul.

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  • 21:42 | Sábado, 29 de Fevereiro de 2020
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A Turquia e as forças sírias do regime de Assad entraram em nova escalada de violência.

O regime turco, por forma a pressionar a Europa, abriu as fronteiras durante 72 horas aos milhares de refugiados estacionados no seu território. Um número indeterminado deles tentou aproveitar o ensejo para entrar na Grécia. As autoridades gregas responderam a esta avalanche de migrantes, maioritariamente sírios, ansiosos de fugirem ao conflito do seu país, com gás lacrimogéneo (e sabe-se lá mais o quê…!).

Esta atitude de Recep Tayyip Erdogan surge na sequência do ataque sírio que matou 33 soldados turcos em Idlib. Com ela, Erdogan joga uma cartada que, no fundo, é a ameaça latente de permitir a passagem de um número imenso e inquantificado de migrantes, através das suas fronteiras, para os diversos países europeus, e dessa forma exercer pressão sobre a UE no sentido de apoiar uma sua ofensiva contra Bashar Assad.


Mal a televisão turca anunciou esta medida, milhares de refugiados seguiram para norte, para através do Mar Egeu atingiram a Grécia e a Bulgária, através de Istambul.

Um porta-voz grego afirmou: “Eles não vão entrar na Grécia. São imigrantes ilegais, não os deixaremos entrar.” Também o primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis se manifestou: “Um número significativo de migrantes e refugiados reuniu-se em grandes grupos na fronteira terrestre grega-turca e tentou entrar no país ilegalmente. Quero deixar claro: nenhuma entrada ilegal na Grécia será tolerada.”

O homólogo búlgaro, Boyko Borissov, de seguida, destacou uma força militar de mil homens para impedir a entrada de imigrantes e refugiados.

A EU, sem respostas e de consciência pouco tranquila, após ter assinado em 2016 um acordo com Erdogan para fechar as suas fronteiras a troco do pagamento de 6 biliões de euros, faz agora lembrar os termos desse acordo, reagindo ao braço de ferro com a possível suspensão desse pagamento.

A Turquia agiganta-se no seu bluff, espartilhada entre a Síria e o seu temível aliado russo, Vladimir Putin, e a EU que pode fechar a torneira dos biliões de euros para impedir a entrada de milhões de imigrantes e refugiados.

Lembremos que a Turquia tem no seu território 3 milhões e 600 mil refugiados, que pretende empurrar para o norte da Síria. Porém, encontra aí as forças sírias apoiadas pela Rússia, que readquiriram o controlo sobre esta zona, depois de expulsos os jihadistas do Estado Islâmico.

No meio disto tudo, com um inverno rigoroso e em condições sub-humanas, sobrevive uma população sem pátria, em fuga do terror da guerra e em busca da paz perdida, feita bola de arremesso das potências em confronto, as quais, sem respostas humanitárias, delas se servem para jogos de extorsão e ameaça.

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Publicado em Opinião