Do Clube para o alterne

Quem viu esta cidade de Fernando Ruas, com quem tantas discordâncias políticas gostei de ter, e hoje vê este rebotalho de gestão, esta urbe de ruas sujas, de jardins abandonados, de estradas esburacadas e lixo por aqui e por ali não pode deixar de se questionar.

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  • 12:13 | Sexta-feira, 14 de Agosto de 2020
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Quem nunca comprou algo com uma certa expectativa e ao abrir o produto ficou chocado com a diferença entre que esperava e o que realmente ele é?

A julgar pela embalagem suponho que o mesmo se passará com os feirantes e empresários envolvidos na aventura ilusória do “cubo mágico”. Obrigados pela necessidade pois, os filhos não vivem do ar e as contas da electricidade não se pagam sozinhas, tiveram que embarcar no teatro de marionetes montado pela empresa de eventos privados paga com dinheiros públicos. Não havia como poderem dizer não porque a já conhecida arrogância e prepotência do marido da directora do Viseu Marca não deixará, por certo, margem para dúvidas. Não alinhar este ano na rambóia montada, por razões de agenda pessoal e de financiamento da máquina de festas e afins, seria assinar a sentença de não presença no ano seguinte.

2021 está perto, é ano eleitoral, as campanhas não se fazem sozinhas nem se pagam só com porcos no espeto e, como tal só os ingénuos ou os alinhados, duvidam das razões da organização dos micro eventos, que são, como não podiam deixar de ser, isso mesmo, micros, como quem os pensou! E, sendo micros, alguém de juízo acredita que vai gerar 30 milhões de euros na economia local? 500 mil euros dia durante os 60 dias, como? Só um louco extasiado com o seu umbigo será capaz de imaginar tamanha patranha. E, alguém esclarecido acredita que a finalidade última é, como insistentemente é vendida, dinamizar a economia local?


Brinquem, mas não abusem! Se porventura o ego é já maior que a Sé, a culpa não é dos que o elegeram, mas sim dos que se demitindo das suas responsabilidades, seja por interesse ou incompetência, permitiram que aqui se instalasse ditando as suas regras e impondo os seus interesses e não as do colectivo.

Prova mais evidente disto é que basta atentar nas despesas já lançadas no Portal Base e que já perfazem valor superior ao previsto como limite máximo de investimento da autarquia, e onde apenas uma, repito, uma firma é da região e nem sequer de Viseu.

Dos 176 mil euros já queimados apenas cerca de 15 mil são injectados na economia local, mais propriamente em Mangualde, certamente para dar mais uns votos a João Azevedo.

Muito mais se poderia apontar e até fugindo ao contexto em que tudo isto acontece no País, e que motiva e bem indignadas criticas à Festa do Avante que, muitos com alguma lógica perguntam da diferença para o que aqui acontece, mas serão os feirantes e os comerciantes no final a dizer a ultima palavra e a confirmarem se o cubo afinal foi mágico ou trágico! A resposta adivinha-se fácil. Porém, é quase certo que ficará uma vez mais no silencioso desgosto e desespero de quem precisa face ao poder de quem decide.

Fica no ar uma pergunta, como é que os parceiros AIRV e ACDV alinham neste conluio e dele parecem ser silenciosos cúmplices, quando o que está em causa é um mero projecto de poder pessoal em prejuízo dos empresários e comerciantes que era suposto defenderem?

A Viseu Marca, leia-se o marido da directora, teve este demérito de estabelecer uma rede clientelar de interesses a que chama cultura onde alguns se apoderaram da gamela e dela não se desfazem enquanto muitos outros se vêm obrigados a esperar que caia alguma migalha. Caído de paraquedas na cidade que se gabava de ser conservadora, cedo amarrou os elos que lhe davam poder, instalou os seus, negociou as parcerias e ganhou fama de herói de tal forma que obrigou a que o fizessem sócio à força do clube para hoje ser companhia assídua e afirmada, pela Rua Direita, de miseráveis, entretanto reabilitados, frequentadores conhecidos do alterne Viseense.

O resultado está à vista! A cidade hoje nem é conservadora nem sequer moderna, apenas, perdoem o calão, chunga. A cidade não se inova porque está limitada, amarrada nos limites que o Rossio e mais ainda a Viseu Marca impõe. O que não passa no filtro não presta, o que não tem a bênção não vinga, o que critica arrisca-se… é isto a “smart city” que proclamam? Um burro com chapéu de palha é um puro sangue inglês?

Quem viu esta cidade de Fernando Ruas, com quem tantas discordâncias políticas gostei de ter, e hoje vê este rebotalho de gestão, esta urbe de ruas sujas, de jardins abandonados, de estradas esburacadas e lixo por aqui e por ali não pode deixar de se questionar.  Como é que o PSD, honra seja feita a Joaquim Seixas que em tempo percebeu ao que se destinava o pedido de militância do déspota, consegue conviver com isto? Vão aceitar que este execrável estado da arte continue mais 4 anos?

Tal como por vezes nos produtos, uma coisa é a embalagem, outra é o conteúdo, uma coisa é a propaganda, outra é a realidade. Daqui a um ano saberemos o que é o quê, mas uma coisa é certa, não esperem que Viseu fique melhor, que se afirme no País porque também não podem esperar que, por magia o anão tenha a visão do gigante!

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Publicado em Opinião