Vemos todos os dias um ataque cerrado à Mariana Mortágua e ao Bloco de Esquerda. Claramente que se transformou no odiozinho de estimação do país, onde a crítica fácil é hegemônica, seja nas redes sociais, seja no dia a dia, onde a brejeirice reina.
Se também considero que a Mariana Mortágua já deveria ter abandonado a liderança do Bloco, porque um bom político também se vê na forma como ele lê a sociedade (e claramente que a Mariana é, atualmente, um ativo tóxico à esquerda), também acho que foi um erro assumir a liderança num ambiente de crescente polarização onde a extrema direita está em vantagem, e em muita vantagem. A derrota era previsível. O Bloco não teria capacidade para ganhar a luta aos extremos (isto não são teorias, é a realidade que comprova os factos), mas sim deveria ter uma liderança mais apaziguadora e mais empática.
Gostando da Mariana, reconhecendo-lhe capacidade política e de intervenção (a mim também me representou na Flotilha), não me parece que tenha sido a ficha de xadrez adequada para a situação política nacional. Se a Mariana é claramente a vítima nesta conjuntura, saindo, não assume a derrota, até porque a história dar-lhe-á a razão, sem dúvida.
A Mariana Mortágua, não sei se após as legislativas, mas sim, após estas autárquicas, deveria perceber que é a cara de um projeto, coletivo sim, mas de um projeto onde ela é a principal expoente. Não se pode apostar na pessoalização da Catarina (2015-2019) quando a coisa corre bem, mas quando corre mal, a culpa já não é da coordenadora, mas sim do coletivo. Deveria pôr o lugar à disposição, no entanto, é necessário perguntar se há algum ou alguma corajosa para assumir a liderança de um partido em clara rota descendente. E essa ninguém tira à Mariana, teve a coragem de assumir o Bloco, enquanto os verdadeiros maestros da orquestra preferem trabalhar nos bastidores, sem se exporem.
Isto não é mais uma crítica à Mariana, é todo o contrário. É ter a noção que a Mariana assumiu o partido que representa, mal aconselhada e dinamitada por quem realmente trabalha nos bastidores, com quem, como já referi, tem decidido mal, avaliado mal e tem intervindo mal.
O Bloco já foi o projeto político que trabalhava causas comuns, juntos das pessoas, para ser um projeto de algumas pessoas. As evidências são claras e a reflexão é necessária porque eu não acredito que o Bloco esteja acabado, mas sim está bastante moribundo em situação muito crítica e precisa rapidamente de mudar a forma de pensar e atuar junto da sociedade.
Diego Garcia