Contra o tempo

Também lá esteve o cardeal-patriarca Cerejeira, que se dirigiu à entidade divina nos seguintes termos: «Vimos também pedir-lhe que guarde a nossa Pátria e que ela continue a ser a terra onde a verdade e a justiça reinam.»

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  • 18:33 | Terça-feira, 05 de Outubro de 2021
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Não sei porque Belisário Pimenta demorou tanto em Paz. Ainda lá se encontrava em 5 de Outubro de 1946, dia importante para o republicano que ele era, dia de espanto para quem vivera os ideais da I República, e agora se via afastado pelo salazarismo, remoendo em silêncio o desprezo pelas ditaduras e pelo clericalismo.

«Ao meio-dia», escreveu no diário, «senti, na sala, uma série de foguetões ou morteiros festivos. Tive a veleidade de imaginar que seriam lançados por ser dia de gala… Mas não foi por isso que os morteiros estoiraram: foi para anunciar a festa do sagrado Coração de Jesus que se realiza amanhã.»

Que triste é estar fora do tempo.

 


 

Nesses dias, também repudiou, no diário, que se tivessem reunido em Évora «quinze bispos, generais, governadores civis, etc., etc.» para honrar a Padroeira. Também lá esteve o cardeal-patriarca Cerejeira, que se dirigiu à entidade divina nos seguintes termos: «Vimos também pedir-lhe que guarde a nossa Pátria e que ela continue a ser a terra onde a verdade e a justiça reinam.»

Que triste é estar contra o tempo, e ter razão

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Publicado em Opinião