Colocar o planeta em segundo plano e o capitalismo em primeiro?

Estão na moda os campos com painéis fotovoltaicos, mas para onde se remetem os serviços de ecossistemas assegurados pelas árvores, a agricultura e a biodiversidade? Onde fica o olhar sobre a imensidão de natureza que conseguimos contemplar nas zonas mais altas do interior do país?

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  • 16:26 | Sexta-feira, 21 de Novembro de 2025
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Sob o nome da transição energética persistimos em modelos de investimento que, longe de servir uma transição, se apresentam como falsas soluções pintadas de verde.

Estão na moda os campos com painéis fotovoltaicos, mas para onde se remetem os serviços de ecossistemas assegurados pelas árvores, a agricultura e a biodiversidade? Onde fica o olhar sobre a imensidão de natureza que conseguimos contemplar nas zonas mais altas do interior do país?

Criam-se metas a 20, a 30, a 40 anos, para que hectares de terreno livre e natural se transformem em parques fotovoltaicos em prol da dita transição energética. Somos todos os dias bombardeados com a necessidade de mudar o nosso comportamento, com aquilo que causamos ao planeta, mas este sistema – político e financeiro- prefere continuar a atormentar o planeta para que as indústrias, e consequentemente os consumidores continuem a fazer uso dos recursos desenfreadamente, ao invés de insistir em educar para a reutilização e redução.

E se a transição energética é tão urgente como nos fazem acreditar, a preservação do planeta é ainda mais vital para o futuro. Várias Assembleias Municipais por todo o país têm vindo a aprovar ao longo dos anos a instalação de pequenos parques fotovoltaicos, e agora somos confrontados com o maior projeto em termos de área, mais uma vez na zona interior do país.


O Projeto Sophia chega pintado de verde, mas é negro. Quer ser sustentável, mas é devastador.

Ao percorrermos algumas autoestradas, vemos já a imensidão de painéis solares colocados em terrenos que outrora foram de cultivo, de agricultura e de pasto. E é com estranheza que os vemos, não são parte da paisagem, arrancaram-se árvores e perdeu-se o verde.

Nos últimos anos, o Partido Ecologista Os Verdes tem alertado para a corrida desenfreada a opções que parecem mais sustentáveis, mais ecológicas, mas são apenas opções que continuaram a colocar o planeta em segundo plano e o capitalismo em primeiro.

Os mega parques fotovoltaicos não são a resposta que precisamos. Não podemos tornar um mundo mais sustentável a troco de ideias que reduzem o nosso território natural a estruturas de ferro, painéis e linhas elétricas. O PEV defende que os painéis solares podem ser colocados em estruturas já existentes ( em coberturas de indústria, em telhados, em locais sem qualquer uso, sem impacto visual e sem danos para o ambiente).

Os locais onde se querem implantar estes grandes parques são zonas com elevado património natural, cultural e turístico. Além de que já são zonas onde a qualidade de vida e saúde da população bem como a biodiversidade são fortemente afetadas pelos incêndios florestais. Além da questão de poluição visual, dos danos causados à natureza, estes projetos não trazem riqueza local, nem melhoram as condições de vida das populações.

Queremos um país sustentável e na vanguarda, mas sem floresta e biodiversidade?

 

Ema Gomes – PEV

 

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Publicado em Opinião