Bons presságios

Na estação, Hitler, muito pálido, apresentava tremuras na mão direita. O que ele disse também se revelou inesperado: «Duce, uma máquina verdadeiramente infernal foi dirigida contra mim.»

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  • 12:37 | Sábado, 31 de Outubro de 2020
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Mussolini e Hitler encontraram-se em Abril e Julho de 1944.

Em Abril, num castelo perto de Salzburg, Mussolini intercedeu pelos prisioneiros italianos sob domínio alemão. Hitler, optimista e profético, ignorou-o, censurou-o e falou-lhe das armas secretas que dariam a vitória ao nazismo.

A reunião de Junho decorreu no quartel-general de Hitler, em Raustenburg, e foi dramática. O comboio em que Mussolini seguia adquiriu uma marcha lenta, com as janelas fechadas e as cortinas corridas. Na estação, Hitler, muito pálido, apresentava tremuras na mão direita. O que ele disse também se revelou inesperado: «Duce, uma máquina verdadeiramente infernal foi dirigida contra mim.» Mostrou o cabelo chamuscado, queixou-se dos tímpanos e das costas. Duas horas antes, escapara a uma bomba, detonada durante uma reunião com os seus generais. Levou Mussolini a ver em que estado ficara o sítio e o próprio uniforme que envergava.


Ambos concluíram que a sobrevivência de Hitler era um bom presságio. Tinham razão. Mussolini viveria mais nove meses, até ser capturado, morto e pendurado, e Hitler, sabedor destes factos, cometeria suicídio dez dias depois, encurralado nas funduras fortificadas da chancelaria, em Berlim.

Do ponto de vista militar, deviam ser ambos muito crédulos, porque os Aliados já se tinham internado na Normandia e haviam ocupado Roma.

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Publicado em Opinião