Anti Groucho Marx

Viseu é, por força de diversas circunstâncias, a mais pesada das quais a sua história, uma cidade conservadora composta essencialmente por gente que defende valores tradicionais como a honra, a modéstia e a amizade.

  • 6:23 | Quarta-feira, 23 de Janeiro de 2019
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Viseu é, por força de diversas circunstâncias, a mais pesada das quais a sua história, uma cidade conservadora composta essencialmente por gente que defende valores tradicionais como a honra, a modéstia e a amizade.

Mas Viseu também tem as suas figuras, aqui nados ou aqui politicamente instalados com a família e tendem a deixar marca, ou seja, Viseu marca. Por estes dias tem sido causa de falatório o nosso anti-Groucho Marx.  Mas, perguntarão então, quem é esta figura? Já lá chegaremos! Ora, Groucho Marx afirmava que nunca faria parte de um clube que o aceitasse como sócio. O “nosso” Anti-Groucho faz toda a questão em pertencer a um clube que não o deseja como sócio. Vem isto a propósito do que se tem desenrolado nos salões do Clube de Viseu, instituição meritória frequentada por Viseenses com todos os predicados acima mencionados.

Vamos à história. Jorge Sobrado, portuense de nascimento, evangélico de religião, vereador por nomeação, ambicioso por feitio, paraquedista político em Viseu, tem por mais recente desiderato ser sócio do Clube de Viseu.


O Clube de Viseu, espaço reservado a sócios (e seus convidados) manifestou de forma expressiva, através da Direcção, o seu desejo de não receber Jorge Sobrado na condição de um dos seus.

Se as gentes da cultura viseense, que pouco o apreciam, o têm de receber por obrigação profissional, as gentes do clube não sentem essa necessidade e querem como sempre, separar politica de associativismo como tem sido timbre daquela secular instituição.

No entanto, o Presidente de facto, Jorge Sobrado, não é homem de aceitar um não e a sua ambição politica não lhe permite uma existência modesta.

O homem desceu do Porto a Viseu com a missão de iluminar a vida e salvar a alma, através das suas citações bíblicas e culturais, a todos os Viseenses. Vai daí apoiado por um interessado causídico conhecido da cidade, a quem alguma escondida agenda ou porventura outra relação especial obriga a tal compromisso, faz nova investida tentando forçar a sua entrada triunfal no Clube, obrigando a que numa Assembleia Geral Extraordinária os sócios se pronunciem sobre a inquestionável decisão da Direcção. 

Mas o que leva um homem a querer pertencer a uma agremiação que o recusa? Será uma questão de baixa auto estima ou apenas ambição desmesurada aliada a um projecto de poder pessoal assente no cargo político que ocupa (movendo-se entre as gentes da política, da cultura e das associações)?

Por outro lado, o que leva a aceitar tão persistente apoio, embora minoritário, entre um núcleo de sócios do clube contra a vontade da larga maioria e depois de vetado numa primeira instância? Para quem não tem vergonha todo o mundo é seu.

Por fim, a actual direcção do clube, que ao que consta já terá sido alvo de pressões e ameaças por parte do candidato e do proponente, e os restantes sócios não se sentirão desautorizados em caso de adesão do “nosso” candidato a membro? Se de facto se importa tanto com o bem estar e qualidade de vida dos viseenses, como afirma nas suas verborreias e repetidas imersões culturais, não o preocupa que, com a sua adesão, o Clube ganhe um associado e perca uma dezena dos antigos consócios?

A verdade é que os sócios, como bons Viseenses, numa atitude tipicamente beirã dificilmente deixarão passar em claro uma situação destas.

Dia 31, os sócios do Clube devem dizer claramente se mantêm as tradições e o ponto de honra dos estatutos de que “é expressamente proibido a realização de reuniões ou manifestações de qualquer tendência ou significado político ou religioso” ou se, pelo contrário, aceitam que a próxima sede de campanha de Jorge Sobrado seja aquela que ontem foi sede do “Grémio de Viseu” e hoje é do “Clube de Viseu. Eu, por mim, não tenho dúvidas!

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Publicado em Opinião