Alienação

Este triste e trágico episódio é também uma espécie de metáfora para o que está a acontecer à Terra (o planeta). A busca pela exclusividade, pela unicidade, pelo desejo de ostentar um conjunto de “medalhas” ou “carimbos”, de terem feito o que poucos fizeram, levou-os à vulgaridade de tudo arriscar em troco de quase nada e expôs a sua soberba e pouca clarividência.

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  • 16:49 | Quinta-feira, 29 de Junho de 2023
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Foi recentemente notícia, obliterando dos escaparates um naufrágio no mediterrâneo que terá vitimado cerca de 600 seres humanos, 100 deles crianças, o caricato episódio que vitimou quatro privilegiados e o piloto de um submersível manhoso onde escolheram livremente fechar-se.

É quase impossível não estabelecer uma série de paralelismos entre estes decisores, gente abastada, influente e influenciadora, que no dia-a-dia impactam com muita gente e com muitos recursos naturais (que deviam ser de todos) e o seu próprio destino.

Este triste e trágico episódio é também uma espécie de metáfora para o que está a acontecer à Terra (o planeta). A busca pela exclusividade, pela unicidade, pelo desejo de ostentar um conjunto de “medalhas” ou “carimbos”, de terem feito o que poucos fizeram, levou-os à vulgaridade de tudo arriscar em troco de quase nada e expôs a sua soberba e pouca clarividência.


Escolheram visitar, sem condições mínimas de segurança, ver os destroços afundados de uma máquina que, na altura da sua construção, foi vendida como expoente tecnológico, indestrutível, e que também demonstrou a pequenez e a simbiose indeslaçável face à Natureza.

Nessa busca incessante pela exclusividade por parte de uma ínfima parte, da riqueza descontrolada, consomem e obrigam a consumir recursos precisos, não renováveis, e, habituados que estão a que todas as portas se lhes abram, até os dos estados (no caso de estados que nem serviços de saúde públicos gratuitos têm) para os tentar salvar das suas más escolhas. Com a banca costuma ser exactamente o mesmo.

Para salvar quem foge à miséria, miséria muitas vezes potenciada pela acção de pessoas das do género que se meteram naquele batiscafo, não vemos nós gastar recursos públicos. Nem recursos nem tempo mediático (que também é precioso).

Assim está o Planeta, refém dos caprichos dos que tudo têm e tudo querem (fazer), viagens ao espaço, ao fundo dos mares, etc., sem que, nestes casos, se coloque o “problema” da pegada ecológica, da “descarbonização”, do aquecimento global, blá, blá, blá.

Sendo uma ínfima parte da população mundial, provoca e induz estragos superiores a qualquer outro grupo. Estes, acabaram sem ar para respirar. O mesmo a que nos arriscamos todos se continuarmos acriticamente a fazer e deixar fazer as coisas da maneira que vemos.

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Publicado em Opinião