Ainda o debate autárquico sobre Viseu… tal desgraça!

É na grande epopeia portuguesa "Os Lusíadas" que Luís de Camões canta os grandes feitos da Nação. Muitos séculos após tal odisseia, por mares ainda pouco navegados, no outro lado do mundo, escrevo estas linhas. O leitor,

  • 13:21 | Sexta-feira, 01 de Setembro de 2017
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É na grande epopeia portuguesa “Os Lusíadas” que Luís de Camões canta os grandes feitos da Nação. Muitos séculos após tal odisseia, por mares ainda pouco navegados, no outro lado do mundo, escrevo estas linhas. O leitor, Não tivemos o debate do século, tivemos o bocejo do milénio.

A saber, das razões de tal desconsolo, desde logo o atual Presidente e candidato repetente pelo PSD, Almeida Henriques. Figura, apagada sem chama, a repetir, no seu tom monótono, até à exaustão o que disse durante 4 anos. A defender, com a mesma vitalidade de um defunto na sua missa de sétimo dia, chavões escritos bloco de apontamentos, pelo seu “espírito santo de orelha” e presidente de facto da Câmara, Jorge Sobrado ( futuro vereador que passa e assina um atestado de incompetência aos restantes quadros laranjas locais), a apresentar como sua obra meritória do seu antecessor Fernando Ruas (por exemplo: Hospital da Cuf, Parques Industriais). Incapaz de sair da politica da festa kitsch-turbo-pimba e a debitar lugares comuns do calibre de “aliar a tradição com modernidade”, “projeto a dez anos”, “âncoras de desenvolvimento” não faltando, claro, o vinho tinto e a propaganda tonta. Este executivo não seria o mesmo sem festa e propaganda, não é novidade, já todos sabemos. Almeida Henriques, não sendo dinossauro (porque quem nasceu para lagartixa…) representa o autarca cinzentão com uma visão limitada do que deve ser uma cidade no séc. XXI, representa o autarca que ficou preso nos anos noventa e não há “regresso ao futuro” que lhe apresente a modernidade. Também não é novidade que por onde passou, do sector privado ao público, na governação ou no associativismo, não deixou legado de saudades.

A professora Lúcia Silva esteve no debate como está na AR, sem mérito firmado, a ler a cábula de rajada. Nervosa de início procurou depois serenar-se a si própria e trazer algumas críticas ao seu adversário do PSD, mas não serenou. Também não ficaram serenos os ouvintes viseenses e ainda menos, por certo, os militantes do PS que entre o voto forçado e o voto em branco estarão nesta altura indecisos. Não foi uma deceção, foi uma confirmação. Ninguém esperava mais.


A senhora do PAN, melhor dizendo, a jovem Carolina apresentou ideias genéricas ligadas à proteção animal, ambiental e qualidade de vida, que tanto servem para Lisboa como para Chaves, neste caso calhou ser Viseu. Terá o seu eleitorado, mas de Viseu falou pouco. Sabe que é uma cidade fantástica, como todos sabemos, mas não sabe que não é Almeida Henriques que fará da cidade um sucesso no turismo, na captação de investimento, na criação de emprego. Falta preparação para os temas da cidade.

Paula Jacinta, candidata do CDS, parece não saber ao que vai nem porque razão a escolheram. Dei a cara em 2009 pelo CDS para a AM, não por este mas por um partido ganhador e como tal, custa-me a compreender esta escolha tão monotemática de alguém que fala sobre dinâmica empresarial, da feira agro-industrial e pouco mais. Além do seu nervosismo inicial substituído mais tarde pelo afiar de unhas ao candidato do PSD. Tirou Almeida Henriques do sério, tendo obrigado o autarca a mostrar o que é na gestão camarária dos últimos 4 anos, arrogante e prepotente, incapaz de ouvir uma crítica.

O meu homónimo, Fernando Figueiredo, pelo BE pareceu descomprometido, atrapalhou-se nos milhares de milhões. Redimiu-se quando deixou claras, através da análise de noventa e nove actas da AM, as prioridades do executivo. Assim, ficámos a saber que o executivo fala zero vezes por mandato de “Políticas de Juventude”, zero vezes de “Políticas Culturais”, outras tantas vezes de “Políticas de Emprego”, “Políticas Ambientais”, aposto que já adivinharam, zero, ainda a zero “Problemas Sociais”, não querendo ser exaustivo, a zeros também ficaram “Bairros sociais”. Provando que o néctar dos deuses causa dependência “Vinho” foi falado noventa e sete vezes, já “Eventos”, onde entre outras coisas se bebe tinto, foi referido quatrocentos e oitenta vezes, “Festas” teve umas bravas noventa e cinco referências. O candidato pelo BE mostrou inteligência política ao afastar o CDS dos  atrasos e recuos do IP3, pois percebeu que devido à geringonça já não resta partido (excepto o PAN) que não tenha culpa no cartório.

A Filomena, candidata pela CDU, como sempre a melhor preparada, apresenta um discurso com pernas tronco e membros, assertiva, demonstrando que é possível fazer oposição competente. Está de parabéns pelo serviço que prestou.

Pontuação (de zero a vinte): PSD 6 (tentou ganhar a boa vontade do moderador no pré-debate, ou seja apostou na propaganda pessoal, durante o debate igual a si próprio: apagado-cinzento-sem ideias). PAN 4 (uma participação vegetariana onde faltou o “bife” Viseu). BE 10 (esteve bem, falhou nos números, perdeu muito tempo útil). PS 5 (leu o discurso, perdeu-se no IP3 e ninguém a viu mais). CDS 8 (falou apenas e só de investimento, atrapalhou-se no discurso, recordou a incapacidade crónica do Dr. Almeida para gerir) CDU 12 (competente, esclarecida e decidida)
Quatro em seis candidatos chumbaram, dois passam e infortunadamente é a esquerda a fazer a pouca diferença. A direita instalou-se e acomodou-se ao marasmo. Com o debate perdeu-se 1:30h de tempo. Com as próximas autárquicas tudo se desenha para que se percam mais 4 anos da vida dos viseenses. Triste debate, negro cenário.

Conclusão: Com uma média de 7.5 o futuro de Viseu não é risonho…

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Publicado em Opinião