A seleção nacional de futebol perdeu e perdeu bem

É uma tristeza ver os jogadores criativos com tarefas tais e tantas que eles não rematam, não cruzam, não correm, nem passam do meio campo. Passeiam a bola pelo relvado, como quem dá uma volta com o cão, sem coleira.

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  • 14:52 | Segunda-feira, 15 de Novembro de 2021
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Albert Camus, Nobel da Literatura, foi guarda redes da Seleção Universitária de Argel, e escreveu um lugar comum: “uma equipa de futebol tem um guarda redes e dez jogadores”.

Em boa verdade foi esta simplicidade que tornou possível ao futebol ser um desporto de massas, com regras fixas, básicas e compreensíveis. O guarda redes tem uma tripla função: jogador, observador e ator, daí a sua relevância e especificidade.

Há, contudo, treinadores que com as suas táticas não deixam cada jogador exprimir-se a seu modo, qualidade, tempo, critério, circunstância e tornam o futebol numa chatice dos diabos e os jogadores em autómatos e, depois, admiram-se que chegue aqui uma equipa de futebol, bem constituída, bons corredores, da Sérvia e nos venha vencer de forma limpinha em todos os planos e até com ex jogadores de clubes nacionais.

Achei piada ver o conjunto de comentadores residentes nos vários canais televisivos, com ar de caso, quase até de tragédia nacional. Foi só uma derrota. O país está cá. A vida continua.


Razão tinha A. Camus, o futebol é “uma equipa que tem um guarda redes e dez jogadores” e que se joga com uma bola redonda, acrescento eu, porque os brasileiros, nos tempos dos geniais jogadores Pelé e Garrincha diziam que a bola aqui era quadrada.

Não compliquem. Deixem em paz o Eng. Fernando Santos, ele nada tem a dizer, levou um tal banho de bola que nem o santinho que traz no bolso do casaco o safou. É, afinal, um produto do sistema.

É uma tristeza ver os jogadores criativos com tarefas tais e tantas que eles não rematam, não cruzam, não correm, nem passam do meio campo. Passeiam a bola pelo relvado, como quem dá uma volta com o cão, sem coleira.

Tive um treinador no tempo em que jogava à bola nos juniores do Sporting Clube de Nandufe, cuja tática era muito simples. Queria tudo a atacar e a defender: a bola pincha e vocês, zás, um pontapé, dez quinze metros à frente. Era o futebol total… e ganhámos jogos sem saber ler ou escrever. O futebol era uma delícia, uma coisa divertida, alegre.

O jogo de ontem com a Sérvia foi uma tristeza, ainda por cima com um golo aos 90 minutos, depois de metermos todos os jogadores na nossa grande área que até se estorvavam uns aos outros. Chiça!

 

(Foto DR)

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Publicado em Opinião