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Paulo Neto
A madrugada de 31 de Janeiro, se nos trouxe inequívocos vencedores, carreou em si a realidade dura e crua dos vencidos.
As sondagens, que não conseguiram acertar na “mouche” e, no seu desconcerto, encheram-se de descrédito, deixando os portugueses a questionar-se sobre quais os seus verdadeiros intuitos. Têm o “prémio limão”.
Rui Rio à cabeça dos líderes partidários, com uma estrondosa derrota face ao PS, um ressaibiado discurso de assunção do desaire e, a pairar, o seu adensado crepúsculo político. Rui Rio fica na história do PSD, mas sem fulgor nem brilho. É um derrotado a sair com amargura, rodeado de figuras medíocres como José Silvano e Salvador Malheiro, entre outros, que não estiveram à altura de gizar as estratégias para o sucesso, num partido profundamente dividido, a fazer de contas que sobreviveria numa ilusória união desde as eleições recém-decorridas, entre Rio e Rangel. Rui Rio deverá colocar o seu lugar à disposição do partido e permitir que novos líderes lhe tragam o alento que ele desbaratou e perdeu.
Francisco Rodrigues dos Santos, o segundo grande derrotado, o líder do CDS-PP que já apresentou a sua demissão, ao não eleger um único deputado, perdendo ele próprio esse estatuto, trouxe à tona um partido em estado autofágico, uma manta de retalhos esfiapada, com mais opositores internos do que adjuvantes. O CDS-PP está à beira de desaparecer, absorvido pelo Chega e pela IL. Quem lhe sucederá ou quererá suceder no pior momento da sua existência política?
Catarina Martins é o terceiro rosto dos vencidos, ex aequo com Jerónimo de Sousa, este tendo em mãos o pior resultado de sempre em eleições legislativas. A perda de deputados foi um descalabro fruto da punição infligida pelos eleitores que, pelos vistos, não lhes perdoaram a inviabilização do OE para 2022. Ambos os líderes estarão de saída a breve trecho. Quem virá a seguir? Com quais políticas capazes da imperiosa regeneração?
Inês Sousa Real, o quarto rosto dos derrotados, que ainda assim conseguiu eleger-se, baqueou e levou o PAN ao desaire com o radicalismo de algumas das suas propostas, insensatas, imponderadas e em colisão frontal com algumas realidades e lóbis portugueses, mormente no domínio da agricultura, da caça, da pesca, da tauromaquia… Em suma, foi a contenda com adversários poderosos que acabaram, inevitavelmente, por a levar ao tapete.
Que nos trará “the day after”?
(Foto DR)
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