A bicicleta e o abate de árvores

Os governantes autárquicos viseenses ainda fizeram pequenos esforços políticos no sentido de reintroduzir o uso da bicicleta. Foram criadas as bicicletas partilhadas, uma ideia que em Aveiro até vingou com as Bugas, mas que em Viseu foi um fracasso, porque ao fim dos dois primeiros meses de utilização, as bicicletas já tinham desaparecido...

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  • 13:32 | Segunda-feira, 17 de Agosto de 2020
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Enquanto meio de transporte utilizado nas deslocações habituais para o trabalho, há muito que a bicicleta foi preterida em favor do carro, do autocarro e da mota.

Lembro-me de não ser bem assim, em meados dos anos oitenta. A motorizada e a tradicional bicicleta pasteleira eram muito utilizadas sobretudo pelos trabalhadores da construção civil. Nos dias mais invernosos ir de motorizada ou de bicicleta pasteleira para o trabalho não era propriamente agradável. Andar de automóvel permite maior conforto, rapidez e liberdade de movimento nas nossas deslocações, por isso, o automóvel se tornou tão popular, apesar de ser um dos principais agentes poluidores do ambiente.

Estas razões às quais podemos ainda acrescentar alguma irregularidade no terreno, contribuíram para que em Viseu a bicicleta não tivesse a mesma importância do que tem em outras localidades algumas até bem perto de nós como: Aveiro, Águeda, Estarreja.


Os governantes autárquicos viseenses ainda fizeram pequenos esforços políticos no sentido de reintroduzir o uso da bicicleta. Foram criadas as bicicletas partilhadas, uma ideia que em Aveiro até vingou com as Bugas, mas que em Viseu foi um fracasso, porque ao fim dos dois primeiros meses de utilização, as bicicletas já tinham desaparecido, o que diz muito da falta de civismo de certos concidadãos. Desse projeto restam alguns pontos fixos destinados ao aparcamento das bicicletas, onde podemos ver umas teclas numéricas, que serviam para marcar um código, que nos permitia utilizar a bicicleta de forma gratuita.

Ainda hoje existem na cidade alguns desses pontos de recolha das bicicletas no Rossio e no Fontelo, junto ao Centro de Estudos, que estão simplesmente ao abandono, porque nunca mais houve vontade política para reabilitar este projeto das bicicletas partilhadas do tempo de Fernando Ruas.

Promover a utilização da bicicleta pode e deve ser um desígnio autárquico, mas é preciso perceber que os terrenos planos são mais propícios à sua utilização, devendo ainda promover-se a criação de corredores próprios de circulação para evitar acidentes com peões e automóveis.

Por outro lado, a criação de corredores de circulação para bicicletas exige, por vezes, a eliminação de lugares de estacionamento e o abate de árvores, o que causa sempre grande polémica e contestação.

Por isso, quem decide tem sempre de ser muito ponderado, pois, existem locais na cidade, e refiro-me em concreto à Av. António José de Almeida, em que não vale a pena abater árvores e eliminar lugares de estacionamento para criar um corredor para bicicletas, quando 500m acima, na Av. da Europa, já existe um que até está a precisar de ser pintado e devidamente sinalizado.

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Publicado em Opinião