A abstenção

Trate-se da vidinha, dos lugares, das coligações, dos acordos, enquanto se adia a noite das facas longas. E daqui a 2 anos, sob o mesmo cenário, voltarão os políticos, com ar abatido, a falar da abstenção.

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  • 8:43 | Quarta-feira, 29 de Setembro de 2021
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Foi a rainha da noite, a princesa do circo. Mesmo em eleições de proximidade, que deviam mobilizar mais os eleitores, situa-se em patamares altos. Dos mais elevados. Inexplicável? Talvez sim, talvez não.

Foi motivo de análises, leituras, especulações, explicações, extrapolações. Com ar pungido, todos os comentadores e líderes políticos lamentaram o desinteresse, o alheamento, a indiferença que, à passagem dos anos, vai aumentando. E todos prometeram reflexão, estudo e ponderação sobre o fenómeno preocupante. Alguns até alvitraram o voto obrigatório.

Mas logo vieram os cumprimentos da praxe, a leitura dos resultados, os discursos das vitórias, dos números de eleitos, das freguesias e câmaras ganhas, dos bastiões caídos e das capitais de distrito ganhas. Numa frase, voltou-se ao mesmo.

Trate-se da vidinha, dos lugares, das coligações, dos acordos, enquanto se adia a noite das facas longas. E daqui a 2 anos, sob o mesmo cenário, voltarão os políticos, com ar abatido, a falar da abstenção. Como a abstenção não vota nem dá votos, é certo que pouco importa para o debate, no intervalo entre eleições.


Perde a democracia, ganham os que a querem anémica.

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Publicado em Opinião