Não basta ser sério… nem querer fazer dos outros parvos!

“Plágio é o acto de assinar ou apresentar uma obra intelectual de qualquer natureza contendo partes de uma obra que pertença a outra pessoa sem colocar os créditos para o autor original. No acto de plágio, o plagiador apropria-se indevidamente da obra intelectual de outra pessoa, assumindo a autoria da mesma.” Tudo começou numa “googladela” […]

  • 10:16 | Sexta-feira, 24 de Abril de 2015
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Plágio é o acto de assinar ou apresentar uma obra intelectual de qualquer natureza contendo partes de uma obra que pertença a outra pessoa sem colocar os créditos para o autor original. No acto de plágio, o plagiador apropria-se indevidamente da obra intelectual de outra pessoa, assumindo a autoria da mesma.”
Tudo começou numa “googladela” sobre o marketing das cidades e chamou-me logo à atenção os seguintes títulos:
“Gestão e marketing estratégicos das cidades: o caso da cidade de Viseu” (que consta da biblioteca disponível do ISCTE para consulta online em  http://catalogo.biblioteca.iscte-iul.pt/cgi-bin/koha/opac-detail.pl?biblionumber=38769 ) e
“Marketing das cidades : caso de estudo do desenvolvimento da cidade de Viseu” (que também consta da mesma biblioteca http://catalogo.biblioteca.iscte-iul.pt/cgi-bin/koha/opac-detail.pl?biblionumber=34404)
Os dois trabalhos de dissertação de mestrado são da mesma área, Gestão de Empresas, Departamento de Marketing, Operações e Gestão Geral do ISCTE e distam de 3 anos, sendo o primeiro de 2003, tendo como autor Clarinda Serdeira da Costa Almeida e o outro o marido e vereador da CMV, António Guilherme de Jesus Pais de Almeida. Circunstâncias por si só curiosas e capazes de despertar o interesse para uma melhor apreciação das teses. Basta começar por folhear os índices dos dois trabalhos e a coincidência é de tal ordem que ao contrário do que afirma o Conselho Científico do ISCTE não é necessário conhecimentos académicos superiores para se perceber da semelhança, basta saber ler. O quadro abaixo feito de forma breve e numa comparação rápida retrata essa realidade:
De seguida, comece-se por folhear os trabalhos e desde logo saltam à vista parágrafos inteiros exactamente iguais de textos da tese 38769 que coincidem com a tese 34404:
Eis alguns exemplos em como Guilherme Almeida consegue “de forma serena e consciência tranquila” absorver por osmose da almofada do mesmo leito o trabalho anteriormente depositado no ISCTE e transcrever ipsis verbis na sua tese:
Seria exaustivo, tanto para o leitor como para quem escreve, aqui reproduzir, tanta repetição de tanto parágrafo, citação, vírgula, itálico, referência que se sucedem ao longo das duas teses. São extractos completos da página 9 da tese de Guilherme Almeida que coincidem com outros, exactamente iguais, da página 4 e 6 da esposa; a 12 de uma com a 8 de outra; a 30 com a mesma argumentação da 11; a 33 com a 14 e 15; a 35 com as páginas 16 e 17 e por aí fora e podia continuar a noite inteira.
Aqui chegado confesso que até cansa estar a comparar o que é por demais evidente. Assim, e sendo relativamente fácil o leitor encontrar os meus contactos, disponibilizo as duas obras (visto que é quase impossível a sua consulta, na biblioteca do IPV, sem ser pedida autorização à docente e autora do presumível original), para análise, a quem estiver interessado na sua consulta. Infelizmente, não as disponibilizo na íntegra e online por razões que se prendem  com os direitos de autor.
Já o autor, da obra literária, e actual vereador facilmente pode colocar “um ponto final nessa suspeita injusta” e também poderá colocar os exemplares à disposição da imprensa e dessa forma demonstrar que a acusação se fundamenta em “meros juízos inconclusivos sem a necessária verificação científica e pedagógica”.  Ou será que ainda lhe pesa a consciência pelas “declarações a quente” à TSF, que denunciou o caso em primeira mão: “Guilherme Almeida, que não quis gravar declarações, assume que possa ter cometido algum lapso nas citações.”?  Quando Guilherme tem dúvidas sobre o trabalho de Guilherme…
Da IGE a quem foi colocada a dúvida sobre se esta suspeição tem fundamento, estranhamente não se pronunciou e dizem as notícias recentes que “a nível nacional, o Ministério da Educação, através da Inspeção Geral da Educação, apenas investigou sete casos de plágio nos últimos quatro anos. Mas há estudos que apontam para taxas de incidências até aos 40% entre os estudantes” e assim acabou por ser o ISCTE juiz em causa própria embora também aqui só seja conhecida a notícia de que o processo teria merecido despacho de arquivamento, sem ser dado a conhecer a fundamentação integral desse mesmo acto.
Assim sendo, na quase previsível ausência de resposta da IGE, se o Dr. Guilherme entender que lhe estou a manchar a reputação, como está no direito de entender, pode e deve levar o caso a outras instâncias. Não me move qualquer intenção ou interesse pessoal no assunto senão a verdade, mas terei todo o gosto em comparecer, na data marcada, perante um júri ou juíz, munido da definição de plágio e das duas obras… no entanto, por razões evidentes, estou certo que tal não acontecerá.

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Publicado em Opinião