A ignorância que causa medo

    São poucas as coisas de que tenho medo, quando se trata de combater ideias e defender princípios e valores. Há, porém, uma coisa de que tenho manifestamente medo, que me envergonha e me encoleriza, que é a ignorância. Não a ignorância consciente e esclarecida, a que pretende a libertação do erro, a da […]

  • 21:25 | Domingo, 07 de Setembro de 2014
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São poucas as coisas de que tenho medo, quando se trata de combater ideias e defender princípios e valores. Há, porém, uma coisa de que tenho manifestamente medo, que me envergonha e me encoleriza, que é a ignorância.


Não a ignorância consciente e esclarecida, a que pretende a libertação do erro, a da máxima socrática “Só sei que nada sei”, mas a ignorância manhosa, dissimulada, preconceituosa, invejosa e da calúnia.

Esta ignorância é a resposta mais assassina, a mais cruel e a que mais dor provoca. Por isso, dela tenho medo. É ela que frequentemente me causa recolhimento e me espevita o pensamento. Porque é dela que nos temos de defender e libertar.

É vulgar dizer-se, independentemente das áreas, que “não vale tudo”. Isto é, que há limites. E os limites são a aplicação dos valores éticos e morais, do respeito pelo outro, pelo que ele significa na sua condição de Homem e de protagonista profissional e social.

Contudo, ora por impreparação educacional e moral, ora por motivações de poder cego e incontrolado, nem sempre o respeito e a consideração estão na base dos relacionamentos interpessoais e dos comportamentos sociais.

Assim, face a estes desvios é frequente a aplicação da “lei de Talião”, de “olho por olho, dente por dente”, quando não soluções mais drásticas e irracionais. Para ser franco, nunca fomos muito adeptos destas soluções. Sempre acreditámos na tolerância e no diálogo, como formas de superação destas insuficiências humanas, e por conseguinte no aperfeiçoamento do Homem.

Mas quando a ignorância é mesmo aquela ignorância manhosa, dissimulada, preconceituosa, invejosa e da calúnia… o que fazer? A prática da tolerância e do diálogo serão eficazes? Começamos a ter dúvidas. Tal é a intensidade e a intencionalidade da ignorância. Todavia, não temos desistido, logo. Temos sido tenazes e persistentes na nossa missão pedagógica e edificativa. No entanto, também queremos dizer aos praticantes desta ignorância que não somos masoquistas, “anjinhos” ou “heróis” e que, por isso mesmo, devem contar com a força do nosso medo.

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Publicado em Opinião