A Ibéria está em choque

“navegamos há 800 anos e não vamos naufragar à primeira onda, não creio.” Desejo que esta frase, sábia e algo premonitória, da autoria do filósofo e ensaísta Eduardo Lourenço, possa ter aplicabilidade na participação portuguesa no Campeonato do Mundo do Brasil. A equipa das quinas está em apuros, parece meter água por tudo quanto é […]

  • 1:03 | Quarta-feira, 18 de Junho de 2014
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“navegamos há 800 anos e não vamos naufragar à primeira onda, não creio.”

Desejo que esta frase, sábia e algo premonitória, da autoria do filósofo e ensaísta Eduardo Lourenço, possa ter aplicabilidade na participação portuguesa no Campeonato do Mundo do Brasil. A equipa das quinas está em apuros, parece meter água por tudo quanto é lado. A derrota pesada, a maior de sempre em fases finais dos camponatos do Mundo e da Europa, mais do que os três pontos perdidos, deixou a nu as debilidades de uma equipa que tem o melhor jogador do mundo – CR7 – mas está muito longe de ser a melhor do mundo.

Com muita pena, porque sou português e gosto da seleção (já gostei mais), a pesada derrota por 4 a 0 ( três golos de Müller), a expulsão de Pepe “loco” e as lesões de Coentrão e Hugo Almeida abrem parcas expetativas para os jogos que se seguem. Temos competência para fazer mais e melhor. Um jogo em que tudo correu mal, mesmo o árbitro teve algumas intervenções pouco acertadas que, não servindo de desculpa, prejudicaram-nos.


Sendo possível a passagem à fase seguinte, estou pouco esperançado. Com jogadores como, por exemplo, Veloso, Patrício, João Pereira, Hugo Almeida, Hélder Postiga, Ricardo Costa, para referir apenas os que menos me agradam, parece-me uma missão quase impossível.

Se somarmos as dificuldades notórias do craque do Real Madrid e as teimosias do selecionador “tranquilo”, o cenário apresenta-se-nos bastante negro. Quanto a Paulo Bento, além de teimoso, não lhe reconheço grandes atributos enquanto treinador. Conseguiu alguns segundos lugares (meritórios) no Sporting, mas ganhar que é bom… Não me recordo de títulos. A verdade é que chegou a selecionador nacional quase sem saber ler nem escrever. Não critico agora porque as coisas correram mal. A equipa das quinas está descaracterizada, perdeu a identidade e as referências no relvado. Cristiano Ronaldo é manifestamente pouco para concretizar o sonho no país em que já criámos, há alguns séculos, muitas ilusões com o ouro da Mina e o comércio do café. As nossas caravelas chegaram a terras de Vera Cruz, capitaneadas pelo navegador madeirense CR7, terão que ser reordenadas e reorientadas para descobrirem as rotas do sucesso que permitam atingir com sucesso as balizas do Tio Sam e da equipa africana.

O jogo de domingo será decisivo, temo o pior e desejo o melhor.

Temos uma boa notícia, Rui Patrício não jogará os dois próximos jogos. Enquanto sonhamos com os “tomahawk” de Ronaldo, vamos sendo brindados com informações interessantíssimas: Raúl Meireles, o “Moicano”, lava a barba com shampoo; há comentadores (Miguel Lopes e Jorge Andrade) que se enfeitam com um bigode à Hugo Almeida para comentar o jogo; Nani toca piano…

Vamos fazer figas e torcer para que o professor universitário Manuel Sérgio esteja certo: “É nas grandes derrotas que se forjam as grandes vitórias. É preciso analisar os erros e emendá-los”. Também nuestros hermanos, após a goleada infligida pela laranja mecânica, quererão acreditar na ideia. A Ibéria está em choque, veremos se os países do Tratado de Tordesilhas farão jus à sua coragem e vontade de vencer históricas!

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Publicado em Opinião