Sharia, a paz esteja convosco…

        Hoje a Síria é uma chaga sangrenta. Bachar el Assad é por uns considerado um ditador violento, por outros uma estranha via de democracia. Democracia é conceito inintelígivel entre xiitas (descendentes de Maomé) e sunitas (cultores do Suna). Muamar Kadafi, no Líbano também nunca o entendeu. Pagou por isso. Mas pagaram […]

  • 9:47 | Segunda-feira, 07 de Setembro de 2015
  • Ler em 3 minutos

 
 
 
 
Hoje a Síria é uma chaga sangrenta. Bachar el Assad é por uns considerado um ditador violento, por outros uma estranha via de democracia.
Democracia é conceito inintelígivel entre xiitas (descendentes de Maomé) e sunitas (cultores do Suna).
Muamar Kadafi, no Líbano também nunca o entendeu. Pagou por isso. Mas pagaram também centenas de milhares de inocentes civis trucidados às mãos da sua autocracia familiar.
O “fatum” deu à Turquia, Arábia Saudita, Qatar (que apoiam os sunitas) e ao Irão, o Iraque e ao Líbano (que apoiam o governo Sírio) a riqueza e o ouro negro. Em troca exigiu-lhes a discórdia.
A Turquia apoia o ELS, exército de libertação Sírio e apoia os rebeldes. A Arábia Saudita fornece armas para apoiar os rebeldes, entre outros e a título de mero exemplo. A destruição é maciça. As cidades são arrasadas. Centenas de milhares de pessoas já pereceram. Outras tantas se lhe seguirão.
Mais a Ocidente, os EU, a GB, a Alemanha, a Bélgica e a França de um lado do conflito (ou dos dois lados?). Mais a leste, a Rússia e a China, do outro (ou dos dois?).
O petróleo anima a Guerra Santa. A Guerra Santa vivifica a indústria do armamento. As armas dão força letal aos ódios ancestrais. Mata-se em nome do Profeta.
Os regimes férreos — nunca faríamos a sua apologia — mantiveram, pelo terror uma paz podre. A sua queda, de Saddam a Kadafi…, libertou todas as forças rivais e as facções religiosas. Algumas radicalizadas num fundamentalismo tão barbaramente bestial que o Ocidente e o mundo civilizado (?) não o entendem com as suas civilizações humanistas, mas pretendendo impor democracias onde o conceito é absolutamente inexistente e vão.
Assim, no entrementes, os movimentos fundamentalistas islâmicos germinam como papoulas em vale fértil…
No Egipto, Gama’at Islamiya;
No Líbano, Hezbollah;
Na Síria e Iraque, ISIS;
Na Somália, Al-Shabaab;
No Sul da Ásia, Jamaat-e-Islami;
No Sudeste Asiático, Jemaale Islamiyale;
Nas Filipinas, Moro Islamic Liberation Front;
Na Margem Ocidental do Rio Jordão e Faixa de Gaza, Hamas, Jihad Islâmica da Palestina;
Na Arábia Saudita, Wanhabismu…
Pelo meio, a essência dos movimentos perde-se na prática dos actos. Por exemplo, o salafismo (que significa “predecessores” ou “primeiras gerações”) foi um movimento referencial islâmico surgido no Egipto no fim do século XIX e tinha como objectivo primário reformar pacificamente a doutrina islâmica para a adaptar aos tempos modernos. Como degenerou no epicentro da mais atroz violência?
E porém, quantos milhões de salafitas existem? E que ínfima parte dentre eles são os radicais de toda a demencial violência? Pode-se julgar o todo pela parte?
Neste mega conflito mundial, qual a inocência das democracias ocidentais? E da Rússia e da China? Não terão sido os dois blocos a atear o descontrolado fogo da destruição?
Ninguém está inocente e as suas vítimas são aos milhões. Será esta a IIIª (e última) Guerra Mundial, que de Santa nada tem?
E quer os digladiantes vistam fato Armani ou esfarrapadas fardas com turbante e burkas, eles estão em NY, Londres, Paris, Berlim, Bruxelas, Moscovo, Pequim, mas também estão em Damasco, Beirute, Riade, Teerão, Bagdad, Cairo, Ancara, Amã…
Debaixo do fogo, milhões de seres vivos — só na Síria são quatro milhões… em trânsito para nenhures, centenas de milhares de refugiados, aqueles que ainda tiveram 8 ou 10 mil dólares para pagar o bilhete para uma incerta roleta russa que lhes garante 50% de probabilidades de viver.
E os outros? Se não morrem à bala, em breve morrerão de fome, frio e surtos epidémicos vários.
Este é o século XXI, o que dá sequência às refinadas atrocidades cometidas, entre outros, por Estaline e Hitler, no século XX.
Haverá ainda um XXII?

Gosto do artigo
Publicado por
Publicado em Editorial