Passos e a montanha russa

  O meu dedo mindinho diz-me que Abril não vai cessar-se sem algumas novidades…. Localmente, claro, porque a nível nacional Passos dá-as 40 vezes ao dia e todas diferentes, para gerar emoção…   Uma delas será a há dois meses esperada resposta da CMV ao requerimento interposto pelo CDS em 28 de Fevereiro acerca da […]

  • 11:56 | Terça-feira, 29 de Abril de 2014
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O meu dedo mindinho diz-me que Abril não vai cessar-se sem algumas novidades…. Localmente, claro, porque a nível nacional Passos dá-as 40 vezes ao dia e todas diferentes, para gerar emoção…
 
Uma delas será a há dois meses esperada resposta da CMV ao requerimento interposto pelo CDS em 28 de Fevereiro acerca da finada Expovis. Deve estar para sair. Com todas as perguntas inequivocamente respondidas, com toda a transparência, sem quaisquer equivocidades e a bem da Verdade que norteia todos os passos deste executivo camarário. Iremos ainda saber do futuro – que se a Deus pertence – está agora nas mão de Henriques, o Almeida. Dos avençados, das remunerações, com nomes e verbas. Esta câmara não brinca com coisas sérias.
 
Amanhã, reunião da Assembleia da Comunidade Intermunicipal Viseu Dão Lafões. Será pacífica, decerto, agora que tudo se apaziguou e as dúvidas se esclareceram.
 
O progresso, feio, porco e barulhento semeou um terreno a montante da minha casa de catterpilars, gruas, camiões no leva e traz, etc. É um bruáá das 8 às 18 acompanhado dos “estremeções” às fundações dos prédios envolventes, da poeira que satura e polui o ar, suja paredes e vidros, do guinchar estrepitoso das maquinetas, etc. É o futuro. É o progresso. Não temos dúvidas que o pelouro da CMV tem a obra bem avalizada, avaliada, fiscalizada e acompanhada. Serve para isso, não é? E os fiscais para fiscalizar, não é? E o Ministério do Ambiente para zelar… pelo Ambiente, está claro. Ou só para cobrar IMI’s? Ironia mor, eu que tanto tenho clamado pela Cultura das Gruas em Viseu, levei com uma à frente do nariz. É bem feito! A senhora Câmara acarinhará muito esta “evolução”. Além de lhe meter “grana” nos cofres do erário, bem necessitados para obrar megalomanias diversas, atrai moradores. Até podem ser turcos-brasileiros ou gold-chinas. E nós que pensávamos que a construção estava a sofrer um duro golpe… Próspera e de uma prosperidade nunca vista. Viver (em) Viseu é um estado de alma exaltante da diáspora global.
 
Passos Coelho na sua trauliteirice quotidiana chegou a um ponto de verborreia que no mesmo dia diz sim e não, à frente e atrás, em cima e em baixo, à esquerda e à direita, é ontem e hoje, é amanhã e depois, é no futuro e no passado, é no presente e nunca. Ufa!
Do tipo:
5/3/2014:
“Os cortes salariais assumidos este ano são temporários. Mas não podemos regressar ao nível salarial de 2011.”
27/3/2014:
“Não faz sentido fazer especulação sobre um eventual corte permanente nas pensões. O debate devia ser mais sereno e informado e os membros do Governo deveriam contribuir para isso.”
15/4/2014:
“Vamos ter no que respeita a salários e a pensões no futuro de os desonerar. Isso é claro. Possivelmente em 2016.” “O que é importante é as pessoas terem como garantia, para saberem com o que contam, é que não alargaremos estes cortes. Isso é inequívoco.”
“Estas medidas que são de facto temporárias vão ter de permanecer mais algum tempo.”
“A ideia de que estamos aqui a esconder essas medidas e que de facto o que vamos fazer depois é aumentar os cortes sobre as pensões e sobre os salários, isso não corresponde à realidade e não há nenhuma razão para estar a criar nas pessoas essa ansiedade.”
“A redução nunca será tão grande como é hoje, mas terá de continuar a existir uma redução da pensão.”
“Se eu tivesse já a medida duradoura para poder apresentar, apresentava-a já aqui.”
“O Governo já disse que não é possível repor o nível de salários e pensões como eles estavam em 2010.”
“Não quero contribuir para criar nenhuma ideia incorrecta face àquilo que o Governo virá a decidir.”
(…)
Como podem constatar por estas “pérolas” de retórica, num português “bem-esgalhado” (deve ser do AO – Acordo Ortográfico), a cada cavadela sai uma manada de minhocas.
Torna-se profundamente patético e constrangedor (para além do lesivo…) ouvir este primeiro-ministro dizer e desdizer-se, engasgar-se e tossir, escarrar e sorrir…
Parece uma montanha-russa, que para além dos altos e baixos se complementa com ziguezagues de Rali de Monte Carlo.

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Publicado em Editorial