Os “Bórgias” do presente

  Há na política insondáveis desígnios. Trilhos ziguezagueantes. Inconfessáveis mistérios. Traições letais. Individualismos ferocíssimos e… nem sei que mais. Este é o esconso retrato à la minute, a preto e branco, sombrio, de uma Europa aviltada, decadente e cínica. A ser verdade – e nada temos para pôr em causa as afirmações do presidente da […]

  • 23:49 | Quarta-feira, 22 de Julho de 2015
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Há na política insondáveis desígnios. Trilhos ziguezagueantes. Inconfessáveis mistérios. Traições letais. Individualismos ferocíssimos e… nem sei que mais.
Este é o esconso retrato à la minute, a preto e branco, sombrio, de uma Europa aviltada, decadente e cínica.
A ser verdade – e nada temos para pôr em causa as afirmações do presidente da Comissão Europeia, Jean Claude Juncker – Pedro Passos Coelho opôs-se firmemente ao “alívio” da dívida grega antes das legislativas portuguesas.
Juncker fez estas controversas afirmações ao jornal belga “Le Soir”. E sem papas na língua nem cieiro nos beiços…
 
Primeiro ponto: Portugal na sua insignificância, mas nas boas graças dos que mandam, ajudou a esmagar o elo mais fraco, num momento de fragilíssima vulnerabilidade.
Segundo ponto: Foi uma voz esquecida da solidariedade a erguer-se e a servir de útil pretexto aos argumentos inconsubstanciados do BCE, do FMI, do EUROGRUPO, de herr Schäuble, etc.
Terceiro ponto: Passos revela o seu medo acerca da atitude grega, que ele – ao serviço dos mercados – nunca teve a hombridade de assumir, pugnando pelo “alívio” da dívida portuguesa. Como nunca o fez, nunca poderia aceitar que outro carenciado estado o fizesse.
Quarto ponto: Que levou Monsieur Juncker a fazer esta pública denúncia nesta altura do processo? Um mero sacudir da água do capote? Um esteio cúmplice que lhe alijasse o remorso? O que quer que fosse a motivá-lo, a ele que não é lírio do campo nem açucena de canteiro, revelou um matreiro político de plurais rostos e traiçoeiros actos.
Quinto ponto: Ao lado de Portugal perfilaram-se a Espanha e a Irlanda… é bom de ver porquê… com eleições nos dois primeiros e análoga pelintrice no triunvirato, nos momentos de coesão afirmam-se pela negativa e pela política do salve-se quem puder. Esta é União (?) Europeia. Estes são os estados congregadores (ou predadores?) de um mesmo ideal, de uma moeda única, de políticas coerentes, da interacção, da interajuda e da solidariedade inter pares.
Sexto ponto: Estes são os políticos da mentira. Os cataventos que Adenauer, Bech, Beyen, Churchil, De Gasperi, Hallstein, Mansholt, Monnet, Schuman, Spaak e Spinelli, os “pais da Europa”, nunca previram nem imaginaram. Os ignóbeis Bórgias do presente. Com uma adaga na mão direita e um cálice de cicuta na esquerda.
Com amigos e aliados deste jaez quem precisa de inimigos ou de opositores?

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Publicado em Editorial