O trio virtuoso… Cocó, Ranheta e Facada

Estes três indivíduos, um primeiro-ministro e dois presidentes, de países com respectivamente 60, 210 e 327 milhões de habitantes, parece terem a singularizá-los o denominador comum da irresponsabilidade e da total incapacidade governativa.

Tópico(s) Artigo

    • 21:41 | Sexta-feira, 20 de Março de 2020
    • Ler em 2 minutos

    Se a medida inicialmente prevista por Boris Johnson para direcionar para determinadas alvos o surto epidemiológico do Covid19, nomeadamente idosos, foi anulada face à indignação crescente da opinião pública inglesa e internacional, na sequência do conselheiro científico do primeiro-ministro, Patrick Vallance,ter sugeridoa criação de “imunidade de grupo”, relevante é também saber-se que no Reino Unido, o sistema nacional de saúde apenas dispõe de 5 mil ventiladores para 66 milhões de habitantes – um dos índices per capita mais baixos da Europa.

    Por seu turno, Bolsonaro compara vírus à “gravidez” e afirma “vai passar”, mas também declara ….

    “Obviamente temos um momento de crise, uma pequena crise. No meu entender muito mais fantasia, a questão do coronavírus, que não é isso tudo que a grande mídia propaga pelo mundo todo. Alguns da imprensa conseguiram fazer duma crise a queda do preço do petróleo, mas isso não é crise, obviamente problema da bolsa, isso acontece esporadicamente“.


    De seguida a chamar-lhe “fantasia”, declarou que era uma “neurose”, mera “histeria” e que a epidemia estava “superdimensionada”.

    Além de estar em quarentena e se passear no exterior a tirar selfies com os apoiantes – a moda pegou forte… – foi filmado a tentar colocar a máscara sem o conseguir, acabando por a arrancar do rosto, num gesto de inépcia irritada, transmitindo a milhões de brasileiros a imagem da sua desnecessária utilização e… do seu desequilíbrio.

    Nos EUA, o “tutor” dos atrás referidos, depois de desvalorizar a epidemia, passou a culpar a China e os chineses de terem sido os seus incubadores e propagadores, criando já incidentes diplomáticos graves com o governo de Pequim, que reagiu duramente as estas críticas.

    Nos estados norte-americanos onde há maior propagação do vírus, verificou-se uma forte corrida à compra de armamento e munições por parte dos cidadãos, que fizeram longas filas à porta das lojas de venda de armas, tendo em muitas delas esgotado o stock, pois havia cidadãos a comprar sete e oito pistolas de cada vez e milhares de dólares em munições.

    Trump, por sua vez, ia afirmando aos microfones ter a situação “totalmente sob controlo”, tendo sido muito assertivo quando questionado pelos jornalistas se estava preocupado com a situação: “Não. Nada mesmo!”, foi a resposta.

    Esta corrida às armas e às munições pode indiciar uma forte desconfiança na capacidade do governo de Trump em proteger os cidadãos, mas também uma previsão de graves tumultos de rua. Além disso, é uma prova evidente da mentalidade de uma larga franja da população norte americana, a reagir primária, belicosa e individualmente a uma situação de crise com consequências desconhecidas.

    Em suma, estes três indivíduos, um primeiro-ministro e dois presidentes, de países com respectivamente 60, 210 e 327 milhões de habitantes, parece terem a singularizá-los o denominador comum da irresponsabilidade e da total incapacidade governativa.

     

    PS: Já me esquecia, Bolsonaro declarou hoje o estado de calamidade pública. Mera “histeria”?

    Gosto do artigo
    Publicado por
    Publicado em Editorial