O Novo Banco não é gago a pedir

O buraco financeiro (pelo qual ninguém parece responder, ou ainda não respondeu) é de tal forma que todos vão pagar para o cobrir.

  • 21:35 | Sexta-feira, 21 de Fevereiro de 2020
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E assim… “pede” mais uma injecção de capital no montante de mil milhões de euros (sim, caro leitor, leu bem…), que aparentemente serão “dados” pelo Fundo de Resolução.

Lembramos que o Novo Banco era o velho BES, responsável pelos mais escandalosos negócios alguma vez feitos pela banca portuguesa. No caso, pelo DDT, Ricardo Espírito Santo e seus acólitos.

Têm sido muitas as vicissitudes pelas quais tem passado esta entidade bancária depois da descoberta de todos (ou quase todos) os “malabarismos” financeiros de que foi alvo por parte daqueles que granjearam a confiança dos depositantes e dos portugueses, em geral, defraudados, mas que têm sido involuntariamente “solidários” com a possível reposição dos biliões exigidos, até à sua alienação aos norte-americanos do fundo Lone Star.


Tenhamos presente que o contrato de venda de 75% do Novo Banco à Lone Star foi assinado em Outubro de 2017 pelo representante do Fundo de Resolução, Máximo dos Santos, que mantém uma participação de 25% no Novo Banco, pelo governador do BdP, Carlos Costa, e pelo director da Lone Star, Donald Quintin. Nele ficou exarado que “o Fundo de Resolução detinha a responsabilidade de compensar o Novo Banco por perdas que venham a ser reconhecidas com os chamados activos ‘tóxicos’ e alienações de operações não estratégicas, caso ponham em causa os rácios de capital da instituição, no máximo de 3,89 mil milhões de euros.”

Mas o que é afinal o Fundo de Resolução?

Segundo o site da instituição:

O FdR foi criado em 2012 com a missão de prestar apoio financeiro às medidas de resolução que viessem a ser aplicadas pelo Banco de Portugal, na qualidade de autoridade nacional de resolução, e para desempenhar todas as demais funções conferidas pela lei no âmbito da execução de tais medidas.”

Quem são as entidades participantes do FdR?

“As instituições de crédito com sede em Portugal (com exceção das caixas de crédito agrícola mútuo associadas da Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo)”, principalmente.

Quais são os seus recursos financeiros?

“Os recursos do FdR provêm, essencialmente, das receitas provenientes da contribuição sobre o setor bancário, das contribuições inicias e periódicas entregues pelas instituições participantes, bem como dos rendimentos da aplicação de recursos.”

Este ano, o Novo Banco deverá apresentar prejuízos semelhantes aos que foram registados em 2018, com o resultado negativo de 1,412 milhões de euros.

Entretanto, sabe-se que uma auditoria que a Deloitte vai fazer ao Novo Banco custará 3 milhões de euros e contará com cerca de 40 técnicos para avaliar os últimos 18 anos de gestão do banco, hoje liderado por António Ramalho.

Neste longo e angustiante processo, o governo também tem a sua parte, pois inscreveu 600 milhões para esta recapitalização.

Segundo a Agência Lusa, que citamos:

 “Para injectar dinheiro no Novo Banco, o Fundo de Resolução (que é financiado pelos bancos que operam em Portugal, apesar de consolidar nas contas públicas) tem recorrido a empréstimos do Tesouro, uma vez que não tem dinheiro suficiente, no máximo de 850 milhões de euros por ano.”

E pronto. É isto. Uma saga (ou uma praga?)…

O buraco financeiro (pelo qual ninguém parece responder, ou ainda não respondeu) é de tal forma que todos vão pagar para o cobrir. E quando digo todos, é exctamente isso que quero significar, pois numa corrente financeira, se quem paga é o FdR, quem paga ao FdR são as outras entidades bancárias, as entidades bancárias vão buscar o dinheiro aos seus depositantes. E basta vermos as políticas do “manda-chuva” da CGD, Paulo Macedo, para percebermos que ao apresentar lucros fabulosos e ainda dar para o peditório Novo Banco… o dinheiro tem que vir de algum lado, pois os milhares de milhões nunca caem do céu.

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