O Jornal do Centro fechou?!

Infelizmente, os meus auspícios não foram suficientes para exorcisar as vicissitudes de um mercado adverso e do mal-querer humano.

  • 6:28 | Sexta-feira, 13 de Dezembro de 2013
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Constou-me hoje e agora que o Jornal do Centro fechou as suas portas.
Espero que seja mentira.

O Jornal do Centro fez parte integrante do meu quotidiano durante 900 dias.

Vivi os seus momentos de júbilo e os seus momentos de angústia.


Levei-o tão a sério quanto fui capaz no meu tenaz exercício de director.

Aprendi com Ele e com quantos lá trabalharam.

A todos, sem excepção, deixo a minha homenagem.

Saí menos de dois meses antes do seu fim.

Saí porque me disseram que a minha presença incomodava e com a minha saída viria a “exequibilidade financeira do projecto”.

Saí pensando na continuidade do Jornal do Centro e manutenção de alguns postos de trabalho.

Saí desejando-lhe um bom e próspero futuro.

Infelizmente, os meus auspícios não foram suficientes para exorcisar as vicissitudes de um mercado adverso e do mal-querer humano.

Pedro Santiago, o gerente e proprietário, fez o que estava ao seu alcance.

E apesar da ineficácia dos resultados, foi muito.

Sem vitimizações inócuas, por trás dele, outros fizeram mais para o destruir.

Estes indivíduos têm nome e rosto de figuras públicas, velhacos e hipócritas da cidade de Viseu.

A seu tempo aqui serão nomeados.

São arautos da desgraça e colam-se àqueles a quem a fragilidade material expôs.

Fazem mil incumpridas promessas, pré-feitas sem nenhum intuito de concretização.

O mal do gerente do Jornal do Centro foi, em desespero de causa, acreditar neles e pensar que um projecto de comunicação social se mantém com promessas de políticos e sem inesgotáveis contrapartidas de benesses.

Foi ser ingénuo, incauto e acreditar em gente que se passa por ser de bem quando são meros cafajestes interesseiros, sórdidos e vis.

Escroques virais encapuzados de pilares sociais.

Malfeitores.

Mas eu não tenho procuração para defender a gerência.

Nem vontade de a atacar…

Contribuir para a destruição da comunicação social regional começou a ser prática de quem lida mal com a pluralidade de opiniões e com as regras da democracia.

Neste processo de encerramento do Jornal do Centro, a ser verdade, também eu tive uma culpa: não soube fazer melhor.

Ainda assim, fiz o que pude, desde meados de 2011, com dedicação plena, sem um fim-de-semana de férias, sem tréguas ao trabalho e muitos inenarráveis sacrifícios pessoais e familiares, para evitar o seu imediato encerramento, dando-lhe vida por mais 30 meses.

Fomos todos vencidos.

Viseu não ficou a ganhar.

Ficou mais pobre, mais silenciada.

“Eles” ganharam.

Hoje, a ser verdade este desfecho, sinto uma enorme tristeza, muita revolta e total solidariedade com todos quantos integraram este projecto.

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