O executivo viseense: de tropeção em cambalhota

  Os déspotas, os medíocres e os aprendizes de tiranos sabem que a liberdade é uma grande “chatice”. Não ignoram que as vozes independentes num regime autocrático são uma fífia muito audível num coro de eunucos. Assim como têm presente que a comunicação social única e legítima, a livre e autónoma das pressões, nunca será […]

  • 12:52 | Quarta-feira, 10 de Maio de 2017
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Os déspotas, os medíocres e os aprendizes de tiranos sabem que a liberdade é uma grande “chatice”. Não ignoram que as vozes independentes num regime autocrático são uma fífia muito audível num coro de eunucos. Assim como têm presente que a comunicação social única e legítima, a livre e autónoma das pressões, nunca será a sua mais fiel câmara de eco.
Não obstante, muitos políticos têm na essência dos seus mandatos desprovidos de obra real, a passagem da “sua” virtual mensagem, porque “quem não comunica não existe”. E apostam milhares na veiculação/difusão das suas “verdades”, mesmo que elas sejam, a maior parte das vezes, um banal rebuçado de fel embalado em doirado e brilhante celofane às pintinhas multicolores.
 
Em dois jornais locais de Viseu e numa plataforma nacional saem de uma assentada três notícias sobre o mesmo assunto: o recuo de Almeida Henriques no polémico estacionamento pago 24 horas na zona histórica da cidade. O tal primeiro passo para justificar o triplo “esburacamento” da urbe para os silos auto. “Arqueologia moderna”, chamar-lhe-ia a imaginativa equipa de comunicação que ele mantém à gamela…
Um escreve em título: Queixas fazem recuar Câmara de Viseu sobre estacionamento no centro histórico;
Outro assim noticia: Centro histórico com mais estacionamento gratuito
Finalmente, o terceiro, com candura, escreve: Viseu melhora estacionamento no Centro Histórico e acrescenta, desenvolvendo:
A Câmara Municipal de Viseu anunciou que o Centro Histórico de Viseu terá melhores condições de estacionamento. Em comunicado, a autarquia explica que o Presidente da Câmara Municipal, Almeida Henriques, apresentou hoje, na sessão de Câmara, um conjunto de ajustamentos e revisões às normas e rede de lugares de estacionamento no Centro Histórico da cidade, na sequência do período experimental realizado no mês de abril.
As alterações introduzidas visam, nas palavras do autarca, “melhorar o acesso de residentes e visitantes, em condições de disciplina mas também de maior conforto, ao estacionamento na zona antiga da cidade”, refere o comunicado.
E qual é a verdade desta “marmelada” mal-cozinhada?
Almeida Henriques y sus muchachos avançaram com uma má medida sobre estacionamento, não ignorando quanto ela era lesiva, prepotente e abusiva. Atiraram o barro à parede, como já o atiraram com a privatização das águas de Viseu, e etc. Perante as reações negativas dos quadrantes políticos e a crescente insatisfação dos moradores e demais munícipes, recuaram a 200 à hora. Mas como recuar lhes é difícil – o que mais tem feito este executivo trapalhão sem uma linha de acção coerente à vista – tratam de edulcorar a pílula tentando dar à retirada e à ideia esboroada uma caução nobre de um real mais que cínico e malévolo.
De facto, a Verdade é só uma. Porém, esta malta adopta perspectivas diferentes para olhar a realidade de acordo com as circunstâncias, conveniências e os sinais captados em diferido.
Quanto aos meios de comunicação, ou lambem até ao pau o chupa-chupa que lhes metem na boca ou… deixo à imaginação do leitor o remate da frase, até e porque, se é munícipe, contribuirá com os seus impostos para este e outros “peditórios”.
Se uma imprensa livre é um pilar da democracia, uma comunicação social eventualmente manipulada não é mais que a pedra basilar de toda a corrupção ideológica.
E esta longa “arenga”, agora me lembro, porque o inefável herói da BD made in USA, o Donaldo, acabou de despedir o diretor do FBI, James Comey.
Porquê? Porque liderava a investigação do subterrâneo papel da Rússia – do colega Vladimiro –  nas eleições norte-americanas. Talvez fossem muito “encardidas” as conclusões às quais se estava a chegar… E quando há muita nódoa no lençol, mais vale fazê-lo desaparecer definitivamente da mala do enxoval.
 
 

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